Terrorismo em NY
Nova York – A cidade que nunca dorme vive o seu pior pesadelo. Parecia cena de filme, mas não era. Não havia atores. Havia apenas medo. Mães, pais e filhos à procura de familiares e gente pelas ruas de Manhattan tentando entender como – e por que – algo assim aconteceu. Ninguém tinha respostas.
Como num Hollywood da vida real, Nova York estava sitiada. Às dez horas da manhã eu atravessava a ponte Queensboro, que liga o distrito de Queens a Manhattan. Seis pessoas andavam comigo, acompanhando as últimas notícias no meu rádio de pilha. A maioria caminhava para saber notícias de familiares e conhecidos. Outros por curiosidade. Mas o grupo foi ficando cada vez menor. Pessoas corriam na direção oposta dizendo que a ponte seria o próximo alvo e que iríamos todos morrer. Minutos depois, a segunda torre veio abaixo. A ponte parou para assistir. Muitas pessoas gritavam e choravam. Uma das mulheres que caminhavam comigo, uma senhora que ia para a cidade para saber se sua sobrinha estava bem, caiu para o chão em prantos. Não sei da sobrinha dela.
Cheguei em Manhattan assustada, sem saber o que eu encontraria. Vi carros do serviço secreto americano voando na contramão das grandes avenidas. Nas calçadas, milhares de pessoas corriam para procurar abrigo. Não havia metrô nem ônibus. A rede de telefonia celular estava cortada. As filas nos orelhões dobravam as esquinas. No rádio, locutores pediam notícias de repórteres desaparecidos e familiares mandavam recados de vida. E morte. Quanto mais perto eu chegava ao local do ataque, maior o pandemônio. No local, cordões de isolamento do FBI impediam a passagem de toda a imprensa. Consegui chegar a cinco quadras do local. O ar cheirava a fumaça e indignação. Muitos falavam em retaliação imediata. O prédio ainda queimava às quatro horas da tarde.
A cidade está coberta de cinzas. O inatingível foi atingido. Senti-me no meio de uma guerra. E alguns acreditam que é isso que vai acontecer. “Vamos matar todos os afegãos e acabar de vez com esse sentimento de insegurança”, me disse um médico voluntário a caminho do local. “Não seremos reféns”.