Dólar comercial fecha outubro abaixo de R$ 2,70.
Com esse desempenho, o dólar termina outubro acumulando alta de 1,04%, abaixo da valorização de 4,01% de setembro. No ano, a valorização atinge 38,28%.
Desde o ataque terrorista nos EUA, em 11 de setembro, a moeda já subiu 3,4%.
Para o consultor financeiro da corretora Clicktrade, João Marcos Cicarelli, as boas notícias de outubro que aliviaram o câmbio foram:
1- o crescimento das exportações, com superávit comercial acumulado em outubro até o dia 28 em US$ 173 milhões e de US$ 1,42 bilhão no ano;
2- a antecipação do pagamento da dívida da Polônia (polonetas) de US$ 2,4 bilhões, que reforçam as reservas internacionais, ampliando a munição do Banco Central.
Também foi em outubro que o mercado alimentou a expectativa quanto ao anúncio do novo pacote econômico da Argentina, minimizou o impacto do racionamento com base em números mais confiáveis e passou a apostar em uma reviravolta na corrida presidencial, com a pré-candidatura do tucano Tasso Jereissati.
“O leilão de privatização da Copel frustrou e virou novela. Não se sabe mais se haverá pretendentes estrangeiros”, afirma Cicarelli.
ESPECULAÇÃO MENOR
Qual seria hoje a cotação real do dólar comercial, sem o componente especulativo?
Para o presidente da Abracam (Associação Brasileira das Corretoras de Câmbio), Luiz Henrique Didier, a taxa ficaria entre R$ 2,30 e R$ 2,40.
Para 2002, ano eleitoral, fértil em incertezas políticas, Didier projeta que a cotação real deveria ser de até R$ 2,60.
“Um ano eleitoral é sempre desencadeador de procedimentos econômicos”, diz.
Para justificar sua opinião de que há mais especulação do que realidade no preço da moeda dos EUA, o presidente da Abracam afirma que o fluxo de negócios entre Brasil e Argentina não é decisivo para as contas do país.
Mas alguns analistas do mercado de câmbio projetam que o dólar comercial deve fechar o ano entre R$ 2,70 e R$ 2,80.
Há quem explique que essa previsão leva em conta um piso de R$ 2,40, sendo que a cada notícia ruim vinda da Argentina, somam-se mais 10% (R$ 0,24).
Com a guerra contra o terrorismo, embute-se mais 5% (R$ 0,12).
Na ponta do lápis: R$ 2,40 (piso) + R$ 0,24 (Argentina) + EUA (R$ 0,12) = R$ 2,76.
Dependendo do tom negativo da notícia, essas percentuais são alterados.
Na opinião de Didier, a negociação intensa da diplomacia mundial serve hoje para minimizar os desdobramentos da guerra dos EUA contra o regime do Taleban.
“Hoje não há mais espaço para aquele tipo de guerra tradicional, que envolvia vários países”, diz o presidente da Abracam, entidade com seis membros fundadores (as corretoras AGK, Graco, Finambrás, Fluxo, S.Rayata e Didier & Levy), que juntos movimentam cerca de US$ 2,5 bilhões por dia.