Comércio sofre com falta de troco
Os brasileiros já estão cansados de ter de conviver com a falta de troco. As dificuldades ocorrem sempre que são necessárias notas de R$ 1 e R$ 5, que praticamente sumiram de circulação. Apesar do problema já ter sido denunciado diversas vezes pela reportagem do Diário do Comércio, o Banco Central não tem tomado medidas capazes de resolver o problema. Ao invés de elevar o número de cédulas em circulação, ele tem feito justamente o contrário. Só o volume de notas de R$ 1 em circulação foi reduzido em mais de 30 milhões de dezembro até o último dia 6.
O lançamento da cédula de R$ 2, há exatos dois meses, também não serviu de refresco para diminuir as dificuldades. Os lojistas reclamam que os problemas só aumentaram de lá pra cá. Agora, além da nota de R$ 5 e das moedas, faltam também as notas de R$ 1. Muitos lojistas da região da 25 de Março afirmam que ainda não viram a nova nota. A reclamação atinge também as cédulas de R$ 1, que segundo contam, diminuíram em número. E pior: as poucas notass que restam no mercado estão velhas. “Não me lembro de ter recebido uma nota de R$ 1 nova há muito tempo”, diz a caixa Érica de Lima, da Ingrid Bijouterias.
Queda – No dia 12 de dezembro, véspera do lançamento da cédula de R$ 2, estavam em circulação 831 milhões de cédulas de R$ 1. Esse número já havia caído para 800 milhões, até o último dia 6. O volume de cédula de R$ 5 também caiu no período, passando de 226 milhões em dezembro para 214 milhões no início de fevereiro. E foram colocadas no mercado apenas 30 milhões de notas de R$ 2, insuficientes para cobrir as necessidades de troco. A promessa do governo é de elevar a tiragem até atingir 100 milhões destas novas cédulas, até dezembro. Marco – O que vem prejudicando a substituição, no entendimento do chefe do Meio Circulante do Banco Central, BC, José dos Santos Barbosa, é que a população está engavetando a cédula de R$ 2, por considerá-la um marco na história do sistema monetário brasileiro.
Antes o padrão brasileiro era de emissão de cédulas e moedas em múltiplos de 1 e de 5. O dinheiro novo também traz como novidade a tartaruga-marinha, animal em extinção, impressa no verso, que foi escolhida através de pesquisa interativa no site do Banco Central. Notas de R$ 5 – A reportagem do Diário do Comércio já constatou, em outras oportunidades, a dificuldade do varejo com o sumiço da cédula de R$ 5, desde o ano passado. Quando estas notas apareciam estavam bastante danificadas ou velhas. O próprio chefe do Meio Circulante do Banco Central chegou a reconhecer o problema, dizendo que passaria a ouvir as associações representativas do comércio a fim de resolver a questão.
Até agora Rio de Janeiro e São Paulo receberam a visita de Barbosa e ficaram encarregadas de realizar pesquisa junto aos associados, reunindo as principais reivindicações (veja matéria). Moedas – Também a falta de moedas causa problema ao varejo. De acordo com os comerciantes, elas só aparecem quando pedidas para as pessoas na hora do pagamento, o que acaba ocasionando filas enormes. “Quando estamos com pressa, acabamos nem verificando se a pessoa tem moeda, para não criar congestionamento nos caixas”, disse uma caixa de um armarinho na rua 25 de Março, que não quis se identificar. Na Real Presentes, na mesma rua, as cédulas de R$ 5 já foram praticamente esquecidas. “Nem contamos com ela para efetuar qualquer troco”, afirma o proprietário Vagner Chung, que é um dos que vem reclamando há muito tempo deste problema, inclusive à reportagem do Diário do Comércio.
Quanto à nota de R$ 2, ele diz que já recebeu algumas, mas que é impossível contar com elas para fazer o troco. “Apelamos para as moedas ou as notas de R$ 1, quando temos.”
(Adriana Gavaça)