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Soja une Brasil e Argentina contra os EUA

Guarulhos, 21 de fevereiro de 2002

Numa ação sem precedentes, a Argentina cogita associar-se ao Brasil para contestar na Organização Mundial do Comércio (OMC) os vultosos subsídios dados pelos Estados Unidos a seus produtores e exportadores de soja. cUma queixa conjunta dará mais peso político à ação dos dois maiores competidores dos Estados Unidos no mercado mundial de soja, inconformados com os subsídios americanos.

Desde a criação do Mercosul, Brasil e Argentina têm discursado que atuariam juntos nos foros internacionais, mas muito raramente isso tem acontecido na prática. Os subsídios americanos deprimiriam os preços internacionais e afetariam as exportações brasileiras e argentinas em terceiros mercados. Argentina e Brasil enfrentam o mesmo problema e podem juntar suas forças para contestar a política americana, disse a este jornal Roberto Lavagna, embaixador da Argentina na OMC, em Genebra, e na União Européia, em Bruxelas.

O governo brasileiro ameaça desde julho do ano passado abrir a disputa contra os americanos e continua garimpando dados, porque sabe que essa é uma briga que dependerá muito de estudos econométricos. O Brasil terá de demonstrar que os subsídios que beneficiam os produtores americanos de soja influenciam o preço internacional do produto e, como conseqüência, o Brasil exporta menos do que exportaria numa situação normal de mercado. O Brasil alega que poderia exportar US$ 1 bilhão a mais do que os US$ 5,2 bilhões do ano passado. A briga é difícil. Os Estados Unidos poderão contestar com outros estudos.

Assis Moreira