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Brasileiro deve continuar economizando energia em abril

Guarulhos, 26 de fevereiro de 2002

A população vai sair do racionamento economizando bem mais energia do que os 7% previstos pelo governo como redução permanente. No mês de março, mesmo sem o plano de contenção, o consumo de energia nas regiões Sudeste e Centro-Oeste deve ser cerca de 19% menor do que o estimado para o período. Segundo os dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a população vai voltar a ligar seus aparelhos de uma norma bem gradativa. Em abril, a economia ainda deve ser superior aos 7% que o governo previu.

O governo trabalhava com a hipótese de que os brasileiros elevariam o consumo em 12% a partir do mês que vem. Assim, o gasto no ano, entre março e dezembro, seria de 26.500 megawatts (MWmédio) nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Essa carga de energia significaria uma redução em torno de 7%, se comparada com o consumo estimado para 2002, caso não ocorresse o racionamento (de 28.350 MW).

Mas, segundo o ONS, o consumo em março não apresentará o salto previsto, ficando inferior a 24 mil MW. Essa foi a estimativa mais recente repassada pelas distribuidoras de energia ao operador.

– O aumento de energia em março, que seria de 12%, esta sendo considerado, no momento, muito alto – diz um técnico do ONS.

Hoje, o consumo de energia está em torno de 22.400 MW – abaixo da meta de redução de 23.500 MW. Revendo seus dados, a partir das informações das distribuidoras, o ONS projeta agora que o gasto no próximo mês fique em torno de 23.800 MW – um pouco acima da atual meta e 19% menor do que a previsão para o ano. O técnico do ONS destaca que, historicamente, entre março e abril não se apresenta uma grande diferença de consumo e que, por isso, também em abril a economia deve ficar bem acima dos 7%.

Vários fatores são apontados pelos técnicos do ONS como justificativas para a economia de consumo pós-racionamento. Uma delas é a própria estimativa do governo, considerada conservadora. Mas a razão principal é a mudança de hábito dos consumidores. Além disso, lembram os técnicos, o crescimento da economia este ano ficará entre 2% e 3%, inferior à projeção inicial do governo, entre 3% e 4%. Mais: a indústria substituiu equipamentos mais antigos por outros mais eficientes no uso de energia.

Flávia Filipini