Periferia concentra 50% do consumidor paulistano
A periferia de São Paulo tem se mostrado um mercado potencial para o crescimento do varejo. A grande concentração demográfica, as deficiências do sistema de transporte e o aumento da atividade econômica nas classes mais baixas, que, segundo a AC Nielsen, já passa de 50% da população economicamente ativa, são os principais motivos para o desenvolvimento de centros comerciais nas regiões que fazem limite com a capital paulista.
De acordo com Marcel Solimeo, diretor-superintendente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a concentração de consumidores faz da periferia um mercado bastante amplo.
“Apesar da renda ser baixa, quanto maior a quantidade de consumidores, maior o faturamento dos lojistas. Ganha-se no volume de vendas”.
A Casas Bahia tem 110 das suas 305 lojas localizadas na periferia de São Paulo. São áreas com possibilidade de crescimento e carência desse tipo de serviço. Para a empresa, a vantagem de concentrar o maior volume de vendas numa mesma região facilita a logística.
As entregas, por exemplo, podem ser feitas em até 24 horas porque os percursos são curtos.
A rede de supermercados D?Avó só tem lojas nas regiões no limite da Zona Leste da capital, como Guaianazes, São Miguel Paulista , Itaquera, Artur Alvim e Suzano.
Martinho Paiva, diretor comercial da empresa, também acredita que a vantagem esteja na população residente nessas regiões e acrescenta que para tornar esse público fiel à marca, basta atender às suas necessidades. “O pequeno varejo pode até competir com uma grande empresa, mas precisa manter o foco no bom atendimento ao consumidor, caso contrário ele se perde”, afirma o executivo.
Na opinião de Marcel Solimeo, “um shopping e um supermercado de grande porte acabam sendo um centro de atração, e lojas que não sejam concorrentes têm um caráter de complementaridade dos serviços”.
A gerente da loja Móveis Rainha, Creusa Carneiro, diz que quanto mais lojistas, melhor para as vendas. “As pessoas vêm à loja porque o bairro vira um centro comercial e muitas dessas grandes redes não concorrem conosco. Temos públicos diferentes”, afirma a gerente.
O crescimento do varejo na periferia não traz benefícios só para as redes, mas também para a população local. Além da comodidade e fácil acesso aos produtos, Luiz Abel Pereira, superintendente da Distrital da ACSP em São Miguel Paulista, acrescenta que a abertura de novos negócios na região gera empregos e aumenta a competitividade, melhorando preços, produtos, serviços e atendimento.
Leticia Volponi