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FH desmente Malan e juros não baixam

Guarulhos, 01 de março de 2002

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que seria “irresponsável” se baixasse as taxas de juros do país. “O melhor seria dizer: ?Meu Deus, vamos baixar já essa taxa de juros. Amanhã eu baixo um decreto?. Só que eu seria irresponsável. Quer dizer, uma mentira, porque não iria durar. Isso em pouco tempo explodiria. Não só a taxa de juros, como explodiria a inflação”, disse o presidente.

A afirmação bate de frente com o que havia declarado no dia anterior o ministro da Fazenda, Pedro Malan. Ele sinalizou que o Banco Central deverá reduzir as taxas de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). “Os juros precisam baixar e vão baixar. A velocidade da queda vai depender dos resultados nas contas públicas durante o ano”, afirmou o ministro durante audiência pública no Congresso na quarta-feira.

Mas, ontem, no encerramento do 12º Congresso da Confederação Brasileira das Associações Comerciais, FH optou pela cautela, apesar de considerar “absurdos” os juros ao consumidor no Brasil. Ele disse que a taxa de juros não é decisão do governo, mas da sociedade. “Se eu disser sim aqui, amanhã acontece o desastre. O desastre está aqui ao nosso lado. Não está longe não. É só olhar um pouquinho para o sul que se vê o que pode acontecer com um país rico e próspero, se não se tomam as medidas com coragem, com tranqüilidade”, acrescentou FH, referindo-se à Argentina. Cobrado quanto à realização da reforma tributária, o presidente disse que “se fosse fácil, teria feito”, citando a dificuldade de obter votos suficientes na Câmara e no Senado, em duas votações em cada Casa, para a aprovação de emendas constitucionais. FH repetiu que o atual salário mínimo (R$ 180) é o maior da história do Brasil, mas arrematou: “Dá até tristeza dizer isso, porque é baixíssimo”. Quanto ao crescimento do país, disse que exportar é o caminho.

Com Agência Folha