Para EUA, cabe a emergentes socorrer países mais pobres
Os EUA querem passar a conta da ajuda aos países mais pobres do mundo para os países emergentes. Na América Latina, esse encargo caberia principalmente a Brasil, Argentina e México. O debate vem sendo proposto com insistência pelo governo americano nos fóruns do Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento, Banco de Desenvolvimento Asiático e Banco Africano de Desenvolvimento.
A idéia americana desagrada o governo brasileiro, que insiste em que a ajuda aos países com renda per capita inferior a US$ 1.600 deve vir do G-7 – grupo dos sete países mais ricos do mundo.
Para os EUA, a ajuda a países como Haiti, Guiana, Honduras, Nicarágua e Bolívia, na América Latina, deveria ser em doações a fundo perdido e subsídios. Os recursos viriam do prêmio pago por países em desenvolvimento na contratação de empréstimos emergenciais. Brasil, Argentina e México tomaram 55% do total desses empréstimos do BID. Hoje os subsídios saem da receita com aplicação financeira dos recursos do Fundo de Operações Especiais (FOE), de US$ 10 bilhões. Na reunião do BID, encerrada ontem, o subsecretário do Tesouro americano, John Taylor, foi claro: o governo americano não colocará mais recursos no FOE.
Em linha distinta dos EUA, a União Européia está pressionando a Alemanha para aderir a um acordo que destinaria a projetos de ajuda ao desenvolvimento, até 2006, o valor equivalente a 0,33% do Produto Interno Bruto (PIB) do bloco. A questão deverá ganhar mais força na conferência de Monterrey, no México, onde será debatida entre os EUA e a UE uma proposta de transformar em doações os empréstimos do Banco Mundial para alguns países.