Brasil reage na guerra do aço e prepara barreiras
Em mais um round na disputa comercial com os Estados Unidos, o governo brasileiro deve anunciar amanhã uma série de medidas para responder às barreiras impostas pelos americanos à importação de aço. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sergio Amaral, se reúne hoje, na Câmara de Comércio Exterior (Camex), com representantes do setor siderúrgico para fechar a lista de medidas.
Na semana passada, dirigentes do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) defenderam a adoção de salvaguardas idênticas às adotadas pelo governo de George Bush, que impôs cotas e sobretaxas de até 30% para o aço importado – o governo brasileiro já mantém alíquotas de 12% a 16% para produtos siderúrgicos importados. A justificativa do IBS é que, embora os Estados Unidos não sejam atingidos por uma possível sobretaxa brasileira de 30%, esta medida protegeria o mercado nacional de uma enxurrada de aço importado. Com as barreiras americanas, outros países estão buscando novos destinos para cerca de 16 milhões de toneladas do produto.
Complicador – Amaral disse à Agência Brasil que, embora o impacto inicial seja pequeno, a medida adotada pelos EUA tolhe o crescimento da indústria brasileira. “Essas medidas são inaceitáveis, além de um mau sinal para as negociações que vêm pela frente”, disse o ministro, referindo-se à discussão da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
A União Européia deve anunciar hoje uma lista de medidas protecionistas, focando os produtos americanos, como aço, têxteis e cítricos. Para compensar as barreiras impostas pelo governo americano, a União Européia quer retaliar os EUA em US$ 2,2 bilhões. A expectativa no Itamaraty é que as medidas européias não atinjam as exportações brasileiras, mas no fim de semana o clima era de apreensão.
Alheio à guerra comercial que iniciou, o presidente americano deixou ontem o Peru e fez uma visita de apenas seis horas a El Salvador, onde se reuniu com chefes de Estado da América Central. Na pauta do encontro, um possível acordo de livre comércio com a região, em troca de maior tolerância à imigração nos EUA.