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Brasil enfrentará uma nova batalha

Guarulhos, 26 de março de 2002

O Brasil terá pela frente uma nova batalha em defesa de seus produtos siderúrgicos na guerra do aço. Desta vez, o tiro veio da União Européia, que, ontem, anunciou medidas de salvaguardas que prevê sobretaxas de 14,9% a 26% sobre todas as importações de aço, além de uma cota para proteger seu mercado de uma possível alta nas importações após a adoção de medidas de salvaguarda por parte dos Estados Unidos.

“A decisão anunciada pela União Européia mostra que todos os países estão se protegendo e que o Brasil precisa tomar medidas com relação ao mercado brasileiro”, dise Maria Silvia Marques, presidente do IBS.

As medidas, que atingem 15 categorias de produtos, vão valer por 200 dias, a contar da próxima semana, e afetarão 5,7 milhões de toneladas das importações anuais para a UE, que são de cerca de 26,5 milhões de toneladas. O Brasil foi atingido em duas categorias de aço: uma delas com 17 produtos e outra com 13. A Argentina foi atingida em três categorias de aço.

O comissário da UE, Pascal Lamy, vem repetindo constantemente que a Europa não permitirá que os excedentes de aço inundem o mercado de aço europeu, pressionando os preços do produto e colocando os empregos em risco.

A reação brasileira veio imediatamente. “A decisão anunciada pela União Européia de aumentar a tarifa de importação e estabelecer cotas para a compra de aço mostra que todos os países estão se protegendo e que o Brasil precisa tomar medidas com relação ao mercado brasileiro”, disse a presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Maria Silva Bastos Marques, que também comanda a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

Pela manhã, maria Silvia e outros executivos do setor participaram de um encontro com o governo para pressionar pela elevação para 30% a tarifa de importação do aço. A presidente do IBS não soube dizer, no entanto, quais serão os impactos das salvaguardas européias para o produto brasileiro. Segundo ela, o Brasil é exportador tradicional para os países do bloco europeu.

Maria Silvia e os executivos, que participaram também de um almoço com o ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, querem discutir com o ministro as frentes de atuação para minimizar o impacto das salvaguardas impostas principalmente pelos Estados Unidos.

Sérgio Amaral informou que vai discutir com os empresários os impactos das medidas adotadas pelos EUA, e agora pela UE, no setor siderúrgico brasileiro. “Devemos tomar todas as medidas ao nosso alcance para defender o direito do Brasil de exportar”, disse o ministro. Hoje, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) deverá tomar uma decisão sobre o assunto.

O IBS defende que o governo entre com uma ação na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as salvaguardas adotadas pelo governo americano ao aço.