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A chave do sucesso para o profissional do futuro

Guarulhos, 27 de março de 2002

arteO mundo está realmente mudando. Há menos de dez anos, era bastante comum as pessoas deixarem de sair de casa na espera por um telefonema importante. Hoje, o celular praticamente extinguiu esse problema, já que seus usuários podem ser encontrados a qualquer hora e em qualquer lugar. Já pensaram na comunicação antes da existência do e-mail? Antes do fax, da Internet? Tudo parecia bem mais complicado, mais lento.

O fato é que o processo da comunicação está exigindo cada vez mais velocidade e eficiência. E a mobilidade – peça chave neste contexto – já não é mais nenhuma tendência, faz parte da realidade de muitas pessoas e profissionais. Em palestra realizada durante a Telexpo, que aconteceu na semana passada, em São Paulo, Cezar Taurion, diretor de estratégias de TI da PriceWaterhouseCoopers Consulting, reiterou que a evolução das tecnologias está provocando mudanças significativas no relacionamento entre as pessoas e, consequentemente, nas suas relações com o ambiente de trabalho.

Por várias razões. Antes, os profissionais tinham que manter presença física em seu ambiente de trabalho. “Isso mudou. Não preciso mais ficar limitado a horários rígidos. Posso fazer meu trabalho de qualquer lugar e em qualquer horário”, disse o consultor. Ele apontou também a necessidade anterior de se ter uma especialização – diferentemente de hoje, que o profissional deve possuir uma visão mais polivalente.

Segundo Taurion, o trabalhador do conhecimento é móvel por natureza e dispõe de meios para exercer sua função. Por outro lado, o ser humano não tem mais a necessidade de estar junto a outras pessoas do ambiente de trabalho – o que acaba desencadeando cada vez mais problemas de desagregação e estresse emocional entre os indivíduos.

Talvez o lema da nova geração de profissionais seja estar sempre disponível, informou Taurion. “Em virtude disso, acredito que, conforme as relações começam a ser transformadas, a própria legislação trabalhista também deve ser flexibilizada.”

Para o executivo da PWC, a sociedade atual ainda está evoluindo para a mobilidade. Esta revolução, no entanto, ocorrerá a longo prazo. “Estamos na fase 1, que é a do aprendizado, a de ampliar a potencialidade dos trabalhadores que são móveis por natureza.” Na fase 2, o executivo explica que o funcionário começará a deixar de ser dependente. E a última etapa será quando os processos de negócios continuarão com as mesmas características anteriores – só que mais sofisticados.

“O que as empresas devem pensar, no entanto, é que a mobilidade não é mera curiosidade tecnológica. Elas não devem utilizá-la porque é moda ou porque é bonitinho. A tecnologia deve fazer parte da estratégia da organização”, acrescentou Taurion.

Cássio Dreyfuss, diretor de pesquisa do Gartner para a América Latina, concorda com a posição do consultor da PWC, argumentando que hoje, mais de 50% dos funcionários do Gartner não possuem um local fixo para trabalhar. O restante, segundo ele, permanece na sede da empresa porque ocupa funções ligadas ao processo administrativo de um modo geral.

Dreyfuss prevê que, em 2005, o conhecimento será o foco da excelência e da competitividade empresarial em 90% das companhias que tenham um faturamento acima de R$ 200 milhões. No entanto, essa transformação demandará mudanças por parte das organizações, cujos processos ainda são muito burocráticos. “Nesse ponto, nós, brasileiros, possuímos uma grande vantagem. Temos facilidade de nos adaptar, criatividade e flexibilidade – características que nos permitem explorar muitas oportunidades globais.”