Brasil perde negócios no mercado mexicano
Falta de agressividade e excesso de displicência. Essa é a conclusão da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) sobre o setor empresarial brasileiro por não saber ou não conseguir ampliar mercados para exportação.
Estudo do Banco Nacional de Comércio Exterior (Bancomext), uma espécie de Eximbank mexicano, apresentado ontem em São Paulo para mais de 200 empresários do setor de bens de capital do País, mostra que, de uma lista de 40 produtos que o Brasil e o México importam e exportam para terceiros países, existe um mercado potencial de pelo menos US$ 12,33 bilhões que não é praticamente explorado por nenhum dos dois países.
O Bancomext, com presença e atuação mais ampla em seu país do que o BNDES aqui, concluiu ainda que, desses 40 produtos, apenas 14 têm intercâmbio entre si, os quais representam a insignificante parcela de 0,18% desse mercado potencial de US$ 12,33 bilhões inexplorado, ou apenas US$ 22,4 milhões.
“O empresário brasileiro não é nada agressivo. Por isso perdemos mercados lá fora”, resumiu Thomas Fiedler de Moraes, gerente do Departamento de Negócios Internacionais da Abimaq, ao ser indagado sobre quais seriam as razões que levam o Brasil a não exportar mais. “O México é uma grande oportunidade comercial”, acrescentou.
No ano passado, o México importou do mundo US$ 29,53 bilhões só em máquinas e equipamentos, cifra que representa 17% de suas compras externas totais (US$ 174,5 bilhões). Nesse período, o Brasil conseguiu abocanhar apenas 1,28%, ou US$ 377 milhões em vendas de bens de capital. Ainda em 2001, as exportações brasileiras para o mercado mexicano somaram US$ 1,86 bilhão, pouco mais de 0,1% do total que o México importa do mundo.
“Em 2001, apenas seis empresas brasileiras mostraram-se interessadas em fazer negócios com o México”, lamentou Roberto Díaz Martínez, conselheiro comercial do México, ao apresentar as conclusões do estudo do Bancomext na sede da Abimaq.
O executivo do banco, com escritório de representação em São Paulo, disse que são inúmeras as oportunidade que os empresários têm para ampliar mercado no México. As taxas de juros do Bancomext, por exemplo, variam de 6% a 9% ao ano para empréstimos de curto prazo e de 8% a 12% para créditos de longo prazo. Os empréstimos e juros são em dólares.
Em meados do ano passado, o México propôs ao Brasil retomar negociações para assinar um acordo de livre comércio entre os dois países. De acordo com Díaz Martínez, essas negociações poderão já ser reiniciadas em abril, quando uma delegação do Governo brasileiro irá ao México.