Micro e pequenas exportam mais
Mais da metade das empresas exportadoras do país, isto é, 63,7%, são micro e pequenas empresas. Juntas, elas respondem por 12,4% do total que foi exportado pelo país em 2000. Os dados fazem parte do estudo elaborado pela Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex) a pedido do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Midice).
O documento será divulgado nos próximos dias pelo ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, mas foi apresentado para o DCI com exclusividade.
Conforme já havia sido antecipado por este jornal, das 16.246 mil empresas que exportaram bens e produtos em 2000, cerca de 5.474 são microempresas (34,2%) e 4.718 são pequenas empresas (29,5%).
O estudo leva em consideração que microempresa é aquela que possui de 1 a 19 empregados enquanto a pequena empresa possui de 20 a 99 empregados.
Em valores, as micro e pequenas empresas juntas exportaram US$ 6,834 bilhões de um total de US$ 55,086 bilhões exportado em 2000, ou seja, 12,4%. “Este é o primeiro estudo que estamos fazendo especificando a atuação das micro e pequenas empresas no comércio exterior. Antes, imaginávamos que esse percentual fosse, no máximo, de 2%”, comentou um dos técnicos especializados em pequenas empresas do Ministério do Desenvolvimento.
Durante o levantamento de dados da pesquisa, a Funcex dividiu as micro e pequenas empresas em dois tipos: industriais e não industriais. As não industriais incluem desde os agronegócios até comércio, serviços e construção civil. Por tipo de atividade, o comércio apresentou-se como o maior exportador.
Apesar de mais da metade das empresas exportadoras serem de micro e pequeno porte (10.192), elas ainda são minoria diante do total de micro e pequenas empresas que existem no país, mais de 8,5 milhões de acordo com dados do Ministério do Trabalho. É interessante notar que desse total de micro e pequenas empresas exportadoras, cerca de 6,6 mil são do ramo industrial, ou seja, mais da metade. Elas exportaram US$ 2,8 bilhões, valor menor do que o vendido ao exterior pelas empresas não industriais. As 3,5 mil micro e pequenas empresas consideradas não industriais venderam US$ 3,9 bilhões.
Mais surpresas
“Os dados foram, de uma maneira em geral, surpreendentes”, comentou um técnico do Midice especializado em pequenas empresas.
O estudo foi elaborado com dados do ano 2000, juntamente com a ajuda do Ministério do Trabalho e do IBGE. O ano escolhido não foi mais atual porque a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e o Departamento de Micro e Pequena Empresa, ambos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, querem fazer uma série histórica com os dados para poder analisar o comportamento das empresas deste porte no mercado internacional.
O único dado que a Secex dispunha até então era o quanto (em valores) que cada empresa exportava, independente do tamanho, o que resultava num dado impreciso uma vez que uma grande empresa pode direcionar sua produção para o mercado interno e exportar um valor muito pequeno, analisa a secretaria.
Em 2000, as exportações cresciam em um ritmo além do registrado nos dias atuais, 14,7%. No mesmo período, as importações aumentaram 13,2% e o País registrou um déficit de US$ 749 milhões. Em 2001, as exportações cresceram 5,7% e as importações subiram 8,8%, mas o resultado final foi um superávit de US$ 2,6 bilhões.