Notícias

SPB já começou, mesmo antes de estrear

Guarulhos, 19 de abril de 2002

O novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) só estréia segunda-feira, mas já está causando problemas no mercado. Para corretoras e a Bovespa, na verdade o SPB começou nesta quarta-feira porque as operações com ações são liquidadas no terceiro dia útil depois do negócio. Ou seja, as compras de ações feitas quarta-feira serão liquidadas na segunda-feira, dia de estréia do SPB.

Até algumas semanas atrás, as corretoras estavam prevendo uma estréia mais tranqüila, até que os bancos decidiram iniciar o SPB aos poucos, começando apenas por transações acima de R$ 5 milhões. A decisão provocou “um problema seríssimo de descasamento” para as corretoras, segundo um corretor.

Com o sistema antigo de pagamentos, a corretora, ao vender uma ação na quarta-feira, teria combinado com o cliente que depositasse um cheque na segunda-feira. Mesmo sem o dinheiro disponível, ela poderia liquidar a operação na própria segunda.

Agora, com o SPB, a liquidação terá de ser feita com dinheiro disponível.

Antes da decisão dos bancos, as corretoras planejavam apenas pedir que os clientes passassem uma Transferência Eletrônica Disponível (TED), uma espécie de DOC mais ágil, na própria segunda. Acontece que, com a decisão de entrar no SPB aos poucos, os bancos não vão oferecer TEDs de qualquer valor tão cedo.

Portanto, a partir de segunda, as corretoras terão de fazer seus pagamentos em tempo real e receber dos clientes da forma antiga. Para resolver o descasamento, elas estão pedindo aos clientes que paguem pelas ações um dia antes, no caso de cheques ou DOCs, ou em dinheiro no dia de sempre. A BM&F também anunciou que, a partir de hoje, só vai aceitar reservas em dinheiro.

TED de qualquer valor em julho

A Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban) anunciou ontem que os bancos passarão a oferecer a TED, de qualquer valor, a partir do fim de julho.

Os bancos confirmaram, no entanto, que por enquanto fica valendo a decisão da Febraban de que apenas bolsas e corretoras poderão fazer TEDs menores que R$ 5 milhões.

Isso significa que as corretoras continuarão com o descasamento entre os pagamentos que recebem dos clientes, por cheques e DOCs, e os que têm de fazer com o novo sistema, no mesmo dia. Portanto, as corretoras devem continuar a pedir o pagamento dos clientes pela compra de ações em dinheiro ou com um dia de antecedência.

O coordenador de Divulgação do SPB, José Carlos de Lima Abreu, afirmou que todos os sistemas de transferência de recursos usados atualmente, a princípio, continuarão a existir. Porém, reconheceu que cheques e DOCs emitidos por clientes acima de R$ 5 mil, a partir de agosto, sofrerão a incidência de tarifas extras.

A TED não será, necessariamente, mais barata do que o DOC, como era esperado, diz Lima Abreu. “Nas agências, ambas têm custos similares, o custo da TED deverá cair em transferências por meio do telefone e pela Internet.”