Grandes empresas reduzem custos comprando pela Internet
Pesquisa feita com 147 empresas integrantes da lista das 500 maiores da revista Fortune revela uma tendência cada vez maior entre as gigantes de fazer suas compras pela internet, o que permite uma redução de custos de até 10% do valor das aquisições. No entanto, embora 96% das empresas pesquisadas já estejam utilizando a gestão eletrônica de suprimentos (eSupply Management), a redução nos custos poderia ser quadruplicada, segundo o estudo, se as companhias utilizassem a internet para fazer todas as suas aquisições, que hoje ficam na média de 11%. O levantamento, feito pela consultoria de alta gestão A.T. Kearney, ouviu empresas espalhadas em cinco continentes, representando os líderes nas áreas de manufatura, indústria de grande porte e serviços.
O estudo da A.T. Kearney mostra, ainda, que o tempo utilizado nos processos de compras pode ser reduzido em até 41% e o quadro de funcionários envolvidos com o setor em até 10%, eliminando-se ou automatizando funções. Entre os pesquisados, observa-se que 75% acreditam que sua gestão eletrônica de suprimentos está alinhada com a estratégia geral de comércio eletrônico da empresa. Por isto, a maioria já possui ou está desenvolvendo mercados eletrônicos particulares.
A despesa necessária para se obter resultados, segundo a consultoria, é relativamente baixa. Entre os participantes do estudo, gastos com ferramentas de tecnologia e ferramentas de gestão de US$ 1,5 bilhão resultaram em economias no total de US$ 19,1 bilhões.
Empresas da América Latina também estão incluídas entre as 147 ouvidas no estudo. Elas somam 24, sendo 15 brasileiras, 5 mexicanas, 3 argentinas e 1 venezuelana. A adoção do eSupply Management permitiu que 60% delas atingissem ou excedessem suas metas de redução das despesas negociadas por meios eletrônicos, enquanto a média internacional ficou um pouco abaixo de 50%.
Apesar de apenas 13% apontarem que seus fornecedores hoje já estão prontos para transações via internet, a expectativa para os próximos 12 meses é bem alta: 58% das empresas esperam que sua base de fornecedores esteja pronta, enquanto a expectativa média do estudo é de 35%.
Embora o estudo tenha incluído apenas empresas integrantes da lista das 500 maiores da Fortune, o vice-presidente da A.T. Kearney, John Blascovich, observa que a gestão eletrônica de suprimentos não se dirige apenas aos gigantes. Empresas de porte médio, segundo Blascovich, podem tirar proveito mais rápido destes recursos porque não têm estruturas tão complexas como as grandes: “As gigantes vêm lutando nos últimos dois anos para incluir de 10% a 20% de suas compras nos processos eletrônicos de aquisição. Empresas menores podem chegar a este total em muito menos tempo.”
Da mesma forma, Blascovich ressalta que estes recursos se destinam a empresas de todas as áreas de atividades. O que pode variar, acrescenta, é que determinadas ferramentas podem ser mais adequadas a uma indústria, enquanto uma instituição do setor financeiro, por exemplo, pode necessitar de recursos bem diferentes para suas aquisições. A área governamental também permite uso amplo dos meios de compras eletrônicas, segundo o vice-presidente da empresa de consultoria: “Os governos que estiverem interessados em economizar devem considerar a possibilidade de uso da gestão eletrônica de suprimentos”.
Para o diretor da A.T. Kearney no Brasil, Henrique Teixeira, ainda há muitos benefícios a serem conquistados nesta integração eletrônica entre as empresas e seus fornecedores. “Entre aquelas consultadas, podemos constatar que elas fazem apenas 11% dos gastos, em média, com materiais diretamente envolvidos na produção”. Observa-se, ainda, que as empresas líderes, que têm maior volume de compras eletrônicas, chegam a fazer 40% de suas aquisições pelos meios eletrônicos, tendo ainda um longo caminho a percorrer para chegar perto do total. E mais: para cada dólar investido em equipamentos voltados para compras eletrônicas 13 são economizados. Entre os desafios enfrentados pelas empresas para poder desfrutar dos benefícios da gestão eletrônica, Teixeira destaca a integração com os fornecedores: “Se a base não estiver estruturada, o comprador estará falando sozinho”.