Gás do lixo vai produzir energia elétrica em SP
Dois aterros sanitários da cidade de São Paulo, com cerca de 36 milhões de toneladas de lixo depositadas, poderão produzir biogás suficiente para alimentar duas térmicas de 20 MW de capacidade instalada cada uma. Além da energia gerada, perto de 750 mil metros cúbicos diários de gás metano deixarão de ser lançados diariamente na atmosfera. Os investimentos giram em torno de US$30 milhões.
Além de um providencial ganho ambiental, São Paulo obterá suplemento de 40 MW de energia, sendo que metade será disponibilizada para uso público, de acordo com os contratos formulados com a prefeitura da cidade.
As empresas que venceram a licitação promovida pela prefeitura em 1998, Biogás e Enterpa Ambiental, buscam agora o licenciamento ambiental dos projetos com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) e as autorizações de responsabilidade da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Essas companhias, segundo a Sema, pagam hoje entre US$3,5 mil e US$4 mil cada uma pela locação dos aterros e pelo direito de se valer da condição de autoprodutor, o que as pode isentar de parte da carga fiscal. Em contrapartida, metade dos 40 MW previstos poderá ser disponibilizada para uso público.
A Biogás Energia Ambiental, resultado da parceria entre a Logos Engenharia e a Construtora Heleno Fonseca, tem os direitos sobre o aterro Bandeirante, situado à margem da rodovia de mesmo nome, enquanto a Enterpa Ambiental ficou com o aterro São João, próximo à divisa com Mauá.
O prazo estimado para que o aproveitamento energético do aterro Bandeirante comece a operar é de um ano e quatro meses, segundo a Logos, que está estudando a instalação de seis grupos geradores com cerca de 1,7 MW cada. Para que o conjunto possa funcionar é necessária também a montagem de uma planta de lavagem e compressão do gás metano.
A Biogás Energia Ambiental prevê investimento de US$20 milhões no empreendimento, que deverá ser conectado à rede local de distribuição já na tensão de 13,8 kV. A destinação final da energia ainda não está definida, já que a empresa conseguiu autorização da Aneel para operar como produtor independente e não como autoprodutor, como prefere a prefeitura.
A Enterpa também está decidindo o que fazer com a energia que será produzida. A idéia é obter registro de autoprodutor. O estudo do aproveitamento ainda não foi iniciado, mas deve ser desenvolvido para que possibilite a expansão modular das unidades de geração, conforme a disponibilidade de gás metano no local.
A previsão é começar com a instalação de 8 MW, até 2005, a partir de motores ou turbinas com potência em torno de 1 MW cada. A realização do projeto executivo depende do resultado do licenciamento ambiental. O investimento é calculado à base de US$500 mil por unidade de produção.