Empresas vão emitir mais cheques com novo sistema
As pequenas e médias empresas do setor varejista serão as responsáveis pelo aumento do número de cheques emitidos após a vigência do piso de R$ 5 mil para a Transferência Eletrônica Disponível (TED), base do novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Essa é a opinião de Carlos Alberto Pastor, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Informação, Verificação e Garantia de Cheques (Abracheque).
Segundo ele, como essas empresas têm dificuldade de fechar o caixa no final do dia, vão utilizar o ?jeitinho brasileiro? para não serem afetadas pelo SPB.
“O cheque não vai acabar, pelo contrário. As empresas vão negociar com seus fornecedores e, ao invés de fazer um único pagamento de R$ 10 mil, por exemplo, emitirão cinco cheques de R$ 2 mil. Dependendo da negociação realizada, alguns cheques poderão ser compensados no mesmo dia e outros num outro momento”, explicou.
Pelo novo sistema, para efetuar a compensação de qualquer cheque ou DOC acima de R$ 5 mil, o emissor terá que garantir o saldo em conta, já que a transferência de valores será feita em tempo real. Cerca de 90% das compensações são para valores de até R$ 5 mil. O prazo limite para a vigência do novo piso é agosto, segundo determinação do Banco Central.
Outro ponto lembrado por Pastor é a falta de capital de giro para essas pequenas e médias empresas. Nesse sentido, a negociação do pagamento dos fornecedores pode ser encarada como um instrumento de crédito.
“Dificilmente um fornecedor deixará de negociar com um cliente. Os tempos estão difíceis. Por isso, não farão imposições absurdas às empresas”.
De acordo com a Abracheque, mesmo depois da mudança do piso da TED, poucas alterações ocorrerão para o varejo e para a pessoa física. Um levantamento feito pela associação mostra que o valor médio do cheque foi de R$ 88 em abril. No mesmo período, a emissão de cheques foi 10,6% maior que em igual mês do ano passado. O número de cheques devolvidos caiu de março para abril, de acordo com levantamento da Abracheque, passando de 5,5% para 5,2%.
Segundo Pastor, o cheque pré-datado é uma das formas mais eficientes de crédito rápido, e também faz parte da cultura do consumidor brasileiro. “Além disso, 75% das empresas existentes no País são de micro e pequeno porte e dependem do capital de giro fomentado pelo cheque pré-datado”, afirmou o presidente da associação.
Do total de cheques transacionados no varejo nos últimos 12 meses, algo em torno de 1,773 bilhão de folhas de cheques, 70% foram pré-datados. Na comparação com os mesmos dados de 1997, houve um crescimento de 29% no volume de reais transacionados, o que representa um aumento de R$ 52,3 bilhões no período.
“O cheque pré-datado ainda é, para a maior parcela da população, a única maneira de adquirir um bem durável. Somente com esse instrumento é que uma pessoa da classe D ou E consegue comprar uma geladeira, por exemplo”, afirmou Pastor.
Paula Freitas