Ainda não foi desta vez
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deciciu manter a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic) em 18,5% ao ano, sem viés. A decisão fica dentro da expectativa do mercado e mostra cautela do BC com relação às metas da economia.
Para justificar a decisão, o Copom informou que embora existam sinais de que os preços livres estejam convergindo para a trajetória desejada, o balanço dos riscos ainda não permitem redução do juro.
De acordo com nota divulgada, há pouco, a manutenção se deu por três votos a cinco. Os três votos contrários eram pela redução da Selic.
Os demais motivos que influenciaram a decisão do colegiado serão detalhados na quinta-feira da próxima semana com a divulgação da ata da reunião.
O Banco Central promoveu dois cortes modestos em fevereiro e março, mas se viu forçado a interromper as reduções justamente por causa da aceleração da inflação.
Pesquisa realizada pela Reuters na semama passada mostrava que os analistas esperavam a manutenção da Selic motivada por uma maior pressão sobre o câmbio e o recente aumento do risco-país. A preocupação com o estouro da meta da inflação, verificada na ata do encontro do Copom de abril, foi apontada pelos especialistas como principal motivo para que tudo fosse mentido. Na ocasião, o Banco Central ressaltou que a manutenção do juro em 18,5% convergia para a meta de até 5% neste ano – o teto é de 5,5%.
Os economistas destacaram que daquela reunião para cá não houve melhora significativa do cenário macroeconômico que justifique recuo do juro. Pelo contrário, o real se depreciou ao mesmo tempo em que a taxa de risco do Brasil subiu.
Os economistas citaram também preocupações com o preço internacional do petróleo, que nos últimos dias chegou a atingir o maior nível em oito meses nos Estados Unidos esta semana.
Dos 22 economistas consultados entre quarta e quinta-feira da semana passada, 21 previam que o BC iria manter a taxa básica de juros, a Selic, em 18,5% ao ano, pelo segundo mês consecutivo, para evitar que a conjuntura mais adversa ameace o cumprimento da meta de inflação. Apenas um apostava em queda, de 0,25 ponto percentual, citando recentes dados mostrando uma desaceleração da economia.
Uma pesquisa do BC com as principais instituições financeiras divulgada em abril mostrou que o mercado aumentou sua expectativa de 5,3% para 5,5% do IPCA para o ano. O IPCA é o índice do governo usado como referência para o cumprimento da meta de inflação, fixada em 3,5% para este ano, com tolerância de dois pontos percentuais.
HORA DO ALMOÇO
A quarta-feira tem um sabor especial para os mercados brasileiros, já que o anúncio do Copom aconteceu, excepcionalmente na hora do almoço, com os pregões ainda em andamento. Esta é a primeira vez que os diretores do Banco Central mudam o horário da reunião.
A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que normalmente se inicia às 16h30, foi antecipada para a manhã porque o presidente do BC, Armínio Fraga, e o diretor de Política Econômica, Ilan Goldfajn, viajarão para a Europa, informou a assessoria de imprensa do BC. Normalmente, o BC anuncia a nova taxa de juro depois do fechamento dos mercados, uma vez que a decisão pode ter impacto nos negócios.