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Recuo das empresas brasileiras

Guarulhos, 24 de maio de 2002

Quem está instalado na Argentina reduziu investimentos e cortou custos. Foi-se o tempo em que vestir os dois peixinhos cruzados da Hering era moda para o jovem argentino. No começo do ano, a marca brasileira, que aqui alcançou status de grife premium de roupa básica, fechou suas últimas lojas no país.

A radical resposta da companhia catarinense à persistente crise na Argentina é mais um dos vários exemplos da postura defensiva adotada por praticamente todas as empresas brasileiras no país, que, se não encerram operações, apertam fortemente os cintos e reduzem custos ao máximo, para minimizar prejuízos com a brutal queda nos negócios. Diferentemente do que fez a AmBev, que no início do mês investiu US$ 600 milhões para comprar 36% do capital votante da cervejaria Quilmes, ou a Natura, que congelou preços para ganhar participação no mercado de cosméticos, a maior parte das cerca de 200 empresas brasileiras com filiais na Argentina optou por cortar gastos e congelar investimentos. “Com as vendas cada vez mais baixas e as restrições comerciais que existem hoje, não há quem possa ganhar dinheiro por aqui”, resume Elói de Almeida, presidente do Grupo Brasil, entidade que representa as empresas brasileiras na Argentina.

Além da Hering, uma espécie de pioneira entre as grandes companhias que apostaram décadas atrás no mercado argentino, a Deca cortou, do ano passado para cá, 75% de seu quadro de funcionários. Para não arriscar, só vende se for à vista. A TAM e a Varig reduziram o número de vôos e usam agora aviões menores.

Ismael Pfeifer