Agência de risco rebaixa Brasil e derruba mercado
A agência de classificação de risco Moody's rebaixou pela segunda vez em menos de um mês a perspectiva de rating do Brasil, que agora está em negativa. Isso significa que o próximo passo da agência será o rebaixamento da nota do país.
O motivo: o pessimismo do mercado em relação à economia brasileira. A decisão da Moody's, aliás, ajudou a aumentar mais ainda esse nervosismo, que já havia sido agravado esta manhã com a divulgação da pesquisa eleitoral CNI/Ibope. Ela mostra uma consolidação do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro lugar, e uma estagnação de José Serra (PSDB) no segundo.
Após a notícia da Moody's, o dólar comercial disparou e está sendo vendido a R$ 2,764, uma alta de 2,10% no fim da manhã desta quinta-feira. O Ibovespa registra a mínima do dia, com queda de 3,80% aos 11.056 pontos.
O risco-país brasileiro superou, pela primeira vez desde janeiro de 1999, a barreira dos 1.500 pontos. O indicador aponta 1.508 pontos, uma alta de 8,41% sobre o fechamento de ontem. O Brasil tem hoje o terceiro maior do mundo, atrás apenas de Argentina (6.099 pontos) e Nigéria (1.600 pontos), e imediatamente à frente de Equador (1.352).
O rating, ou nota, de um país avalia os riscos de crédito associados aos títulos da dívida emitidos pelo governo. Isso quer dizer que quanto melhor o rating, maior a confiança dos investidores na capacidade de um governo honrar os seus compromissos. Se o rating é rebaixado, os títulos da dívida se desvalorizam e o dólar sobe.
O crescimento do risco-país atingiu todos os mercados emergentes no último mês, mas no Brasil ele se mostra mais forte. Pelo fato de o Brasil ter um grande peso na composição do índice, a situação do país acaba afetando os demais mercados.
Nas últimas semanas o nervosismo já provocou a valorização de 9,7% do dólar comercial em relação ao real e perdas de mais de 10,6% na Bovespa apenas no mês de junho.