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Só falta um para o penta!!!

Guarulhos, 26 de junho de 2002

divulgação A Seleção Brasileira está na sua terceira final seguida, na sétima decisão em 17 Copas do Mundo, pela devoção a um aforismo futebolístico: quem decide é o craque. Ronaldinho estava machucado, a prudência recomendava que ele não jogasse. Luiz Felipe Scolari manteve sua vencedora surdez à turba e apostou nele, no craque. Sábia (de novo) decisão. De bico, em meio a um mar de zagueiros, Ronaldinho tirou um coelho da cartola para marcar o gol da vitória do Brasil, que bateu a Turquia por 1 a 0 e vai agora para o primeiro duelo com a Alemanha na história dos Mundiais.

A estrela de chuteiras prateadas e penteado controvertido teve em Rivaldo o melhor dos parceiros. Escalado para se sacrificar no meio-campo, ele teve desempenho espetacular, criando inúmeras oportunidades de gol para o Brasil. Além do craque do Barcelona, a defesa do time não cometeu os erros que a fizeram célebre. Marcos fez um par de defesas – numa cabeçada de Alpay, aos 19 minutos do primeiro tempo, e num arremate de Sukur, aos 35 do segundo.

Do outro lado do campo, Rüstu foi o melhor jogador da Turquia – porque assim devem funcionar as coisas no futebol. O goleiro salvou pelo menos quatro gols brasileiros no primeiro tempo e mais alguns no segundo. Luizão, Denílson e Rivaldo perderam algumas chances, que poderiam tornar mais fáceis as coisas para o Brasil. Só que sem torturar a torcida não vale. Pelo jeito, assim será até o fim.

Sofrimento à parte, o jogo contra a Turquia teve ótimas atuações dos experientes Cafu e Roberto Carlos e dos novatos Gilberto Silva e Kleberson. Felipão descobriu, na hora certa, a conjugação de defesa e ataque que vem garantindo as vitórias. Após início instável, os dois volantes, auxiliados por Edmílson, controlaram o meio-campo, impedindo as tabelas dos habilidosos turcos.

O começo complicado deveu-se, sobretudo, à estratégia adotada por Felipão que, para substituir Ronaldinho Gaúcho, descobriu um santo e não cobriu o outro. Deslocado para a tarefa, Rivaldo deixou de ser o melhor atacante da Copa e não se transformou no articulador dos ataques. Para completar, não exibia a personalidade que vive prometendo nas entrevistas.

O Brasil, como se tornou hábito, demorou a entrar no jogo, permitindo que a Turquia rondasse, sem maiores emoções, o gol de Marcos. A marcação por pressão, ainda no campo brasileiro, criou dificuldades na saída de bola da Seleção. Melhorou quando Rivaldo, por conta própria, decidiu aproximar-se da área. Não por acaso, os lances de perigo da Seleção se multiplicaram.

Aos 22 minutos, Rivaldo bateu de fora da área, o turco fez difícil defesa, e no rebote Ronaldinho quase marcou. Aos 33, Rivaldo tentou de novo, Rüstu pegou mais uma vez. O primeiro tempo terminou com os brasileiros tendo de administrar apenas as tentativas dos turcos de criar um clima de tensão, ainda por causa do jogo de estréia.

Após o gol, o Brasil teve pelo menos três chances de fulminar a Turquia e contra-ataques, mas perdeu. Felipão fez sua escolha – segurar o resultado. Mas do jeito certo. Quando o time começou a se render à pressão turca, ele mexeu, trocando Edílson por Denílson. O que parecia a mudança de um seis destro por um meia-dúzia canhoto, revelou-se (mais) um achado do técnico brasileiro. O penúltimo capítulo da Copa se encerrou com os malabarismos de Denílson nos cantos do campo, enfurecendo os turcos e garantindo a sobrevivência do time tetracampeão.

Agora, o penta. Mas, como diz aquele mais chato, tem que ser com sofrimento!