Carro médio é o novo alvo das autopeças
Assim como as montadoras de veículos, o setor de autopeças também aposta na migração das vendas para veículos de porte médio, com motores entre 1.0 litro e 2.0 .
Segundo Paulo Butori, presidente do Sindicato Nacional dos Fabricantes de Peças e Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), a participação dos veículos médios no fornecimento de autopeças é de 20% e com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) deve chegar a 35% nos próximos meses. Butori acredita que a migração prevista para as vendas de veículos vai alterar o mix de produção das montadoras.
Migração
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Ricardo Carvalho, também aposta na migração dos consumidores de carros populares para carros médios. Ele acredita que a participação chegue a 30%, mas preferiu aguardar mais um pouco para anunciar números mais precisos, considerando que a redução do IPI é recente.
Butori diz que os fabricantes de autopeças estão sofrendo forte pressão de custos devido à cotação elevada do dólar. Segundo ele, os fabricantes mais prejudicados são os fornecedores de componentes eletrônicos para os veículos recém-lançados pelas montadoras. Segundo ele, modelos como o Golf, Audi A3, Novo Polo e Astra são bons exemplos de carros com elevado nível de eletrônica embarcada.
O presidente do Sindipeças diz que o maior problema enfrentado pelos fabricantes está na importação dos componentes. As empresas pagam a cotação diária do dólar e não conseguem fazer o repasse do custo para as montadoras. Butori diz que as montadoras baseiam-se em uma taxa de câmbio que não corresponde à realidade e que absorção da volatilidade cambial é prejudicial à competitividade do setor.
As férias coletivas e jornadas de trabalho reduzidas nas principais montadoras contribuíram na queda na produção de veículos e no nível de emprego. Segundo a Anfavea, foram produzidas 147 mil unidades, volume 0,3% menor que junho e 6,8% inferior a julho de 2001.
No acumulado dos sete primeiros meses, a queda foi de 9,1%. O volume fabricado pelas montadoras somou um milhão de veículos, no período. Atualmente, a indústria do setor possui 93.220 trabalhadores, ante os 93.806 contabilizados no mês de junho, uma perda de 586 postos de trabalho.
Com as promoções, as vendas no atacado subiram 1,1% em relação a junho, mas caíram 16,9% no acumulado, somando 831,4 mil veículos comercializados no período. A retomada das vendas reduziu estoques de 47 para 40 dias no total, uma queda de 8,4% no volume de veículos parados nos pátios.
Para Carvalho, as projeções para este ano serão revistas assim que os acordos internacionais e a redução do IPI produzirem efeitos sobre as vendas.
Letícia Volponi