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Medidas estancam saques

Guarulhos, 22 de agosto de 2002

arteO pacote de medidas anunciado pelo Banco Central (BC) conseguiu diminuir de forma significativa o volume de saques nas carteiras dos fundos de investimentos. O principal motivo foi a oscilação menor das cotas. Segundo analistas, isso aconteceu não pela flexibilização da forma de contabilização dos títulos que compõem as carteiras, mas em função das medidas do BC, que trouxeram maior liquidez (facilidade de negociação) para o mercado de títulos.

Levantamento do Laboratório de Finanças da USP (Labfin) mostra que na segunda (19), os fundos referenciados DI (pós-fixados) apresentaram captação líquida – resgates menos depósitos – de R$ 26,773 milhões. Também as carteiras de renda fixa prefixada registraram a entrada de R$ 55,540 milhões.

O fato é que o BC realizou leilões de troca de títulos pós-fixados (LFTs) de longo prazo por papéis mais curtos, medida que atendeu prontamente a necessidade dos gestores que precisavam desfazer-se desses papéis a fim de pagar os altos resgates nas carteiras. Como não havia interesse por parte do mercado em comprar títulos mais longos, os gestores acabavam vendendo esses papéis por preços muito baixos, o que diminuía o valor da cota desses fundos.

Assustados com as perdas que os fundos vinham apresentando, já que o valor das cotas estava caindo, os investidores intensificavam ainda mais os saques de recursos e o gestor novamente tinha que realizar operações com títulos a preços muito baixos. Ou seja, formava-se um ciclo vicioso que vinha se repetindo desde abril desse ano.

Bancos esperam volta do investidor

Na Caixa Econômica Federal (CEF), os resgates vêm diminuindo. O diretor de ativos de terceiros, Wilson Risolia, afirma que, os saques caíram em 60% na comparação ao movimento das últimas semanas. “O valor das cotas tem oscilado menos, em função da estabilidade no preços dos títulos pós-fixados. Isso inibiu os saques de recursos. Mas é preciso que esse comportamento dos investidores se mantenha continuamente durante um período de 15 a 30 dias, o que caracterizaria uma tendência”, explica.

No HSBC Brain, o volume de saques também diminuiu. De acordo com o diretor de renda fixa, Renato Ramos, ainda há saída de recursos, mas em volume muito menor do que o verificado na semana passada. “O conjunto de medidas do BC foi eficaz nesse sentido, já que provocou um equilíbrio entre a oferta e a demanda de títulos públicos. O total de resgates caiu em 50%, se comparado à movimentação dos últimos dias”, destaca Ramos.

O diretor da BMC Asset Management DTVM, Norival Wedekin, informa que a movimentação de recursos da instituição estabilizou-se. Ele afirma que ainda não há entrada de recursos novos, mas acredita que isso pode acontecer em breve. “Tudo vai depender do comportamento do preço das LFTs. Se continuarem se recuperando, o que provocará a valorização das cotas dos fundos, o investidor ficará mais confiante e a captação pode voltar com força”, afirma.

Na BankBoston Asset Management, houve melhora no fluxo de recursos. De acordo com o diretor do Retail Investment Center do BankBoston, Maurício D´Amico, os resgates diminuíram e os depósitos continuaram iguais. Na Itaú Asset Management, o comportamento dos investidores também seguiu essa tendência.

Cláudia Ribeiro