Varejo tem queda recorde no primeiro semestre
De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em junho, o volume de vendas do varejo restrito (que não inclui veículos e material de construção) registrou queda de 2,7% em relação ao mesmo mês de 2014, apesar de contar com um dia útil adicional e de uma base de comparação enfraquecida pela paralização das atividades durante a realização da Copa do Mundo (Tabela 1). Desde 2000, quando foi inaugurada a PMC, não se tem registro de cinco quedas mensais consecutivas das vendas do comércio. O destaque negativo ficou para o segmento de móveis e eletrodomésticos, com queda de 13,6%.
No primeiro semestre, o recuo foi de 2,2% na comparação com igual período do ano anterior, configurando o pior resultado desde 2003, enquanto no acumulado em doze meses o volume de vendas mostrou retração de 0,8%. A maior contração ocorreu novamente em móveis e eletrodomésticos (-11,3%).
Como é habitual, para o varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, nas mesmas bases de comparação anteriores, a redução foi mais intensa, alcançando a 3,5%, 6,4% e 4,8%, respectivamente, sendo o segmento veículos o mais afetado do ponto de vista semestral (-15,6%).
A crise do varejo se explica pela redução da renda das famílias, devido tanto ao aumento da inflação quanto ao enfraquecimento do mercado de trabalho, afetando negativamente principalmente os itens não duráveis, tais como vestuário e supermercados. Outras causas são a menor disponibilidade do crédito e as maiores taxas de juros, que causam a diminuição das compras de artigos de maior valor, tais como veículos, móveis e eletrodomésticos.
Tudo isso aliado ao aumento do desemprego tem minado cada vez mais a confiança do consumidor, levando à redução em sua intenção de compra, aprofundando a contração do varejo. Mesmo áreas como farmácias e variedades já começam a sentir os efeitos desse cenário adverso, que se complica cada vez mais com as incertezas políticas atuais.
Em síntese, a perspectiva é de que as vendas continuem no terreno negativo até o final do ano. O indicador antecedente do varejo restrito, construído pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (IEGV/ACSP), utilizando o Índice Nacional de Confiança do Consumidor (INC), elaborado para a ACSP pela IPSOS Public Affairs sinaliza que a tendência é de aprofundamento da queda durante o resto do ano.