ACE-Guarulhos

A represa do Cabuçu em Guarulhos

A represa do Cabuçu teve suas obras iniciadas em 1905 e concluídas em 1907. As represas do Cabuçu, Barrocada e Engordador formavam o Sistema Cabuçu. Das três represas somente a do Cabuçu está dentro do município de Guarulhos.

A área da bacia do Cabuçu tem 24 km2, o Barrocada tem 8,5 km2 e Engordador tem 9,6 km2.

Costado da barragem arco gravidade, do Cabuçu, tirada pelo engenheiro Plínio Tomaz durante a seca de 1969.

Na época era Diretor da Repartição de Águas da Capital o engenheiro Arthur da Motta, o mesmo que em 1910, inaugurou a barragem do Barrocada.

Foram construídos cerca de 16,6km de aqueduto em concreto armado, com 1,20m de diâmetro, ligando o Sistema Cabuçu à Estação de Tratamento de Água do Mirante em Santana com vazão prevista de 43.400m3/dia (502 litros/segundo).

A maioria do aqueduto encontra-se sob o solo, mas existe um trecho localizado perto da Chácara do Biondi no Jardim Palmira na estrada do Cabuçu em Guarulhos, onde há um túnel que poucos conhecem.
 

Aqueduto do Cabuçu feito em concreto com cimento vindo da Inglaterra.

Havia trechos da bulação de concreto que foi construído em túneis e sifões com pressão de até 27 metros de coluna de água.

A barragem do Cabuçu foi construída inteiramente com concreto armado e é considerada em todos os livros de engenharia, a primeira grande obra pública que empregou o concreto em larga escala (História da Engenharia no Brasil- Pedro Carlos da Silva Telles). Barragem, adutora, condutos livres, condutos forçados, etc, foram construídos em concreto.

O concreto usado na barragem do Cabuçu vinha da Inglaterra, em barris de madeira. Um engenheiro da Sabesp uma vez achou um barril esquecido num poço de visita e me mostrou a fotografia.

Os arqueólogos industriais Dalmo e Mena em suas pesquisas me informaram que o livro que serviu de referência para o projeto da barragem de concreto do Cabuçu denomina-se: “The design and construction of dams” escrito por Edward Wegmann, C.E. que pode ser achado na Biblioteca da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

Quem dirigiu as obras do Cabuçu foi o engenheiro Luiz Betin Paes Leme que era o chefe da Comissão de Obras Novas de Saneamento e Abastecimento de Águas da Capital, criada em 1905.

O engenheiro Luiz Betin Paes Leme foi formado na Europa e foi ele quem introduziu o concreto armado no Brasil com as obras do Cabuçu.

O primeiro edifício de concreto armado feito no Brasil data de 1909 e situada na rua Direita esquina com rua São Bento com dois pavimentos construído por um arquiteto Italiano chamado Francesco Notarabeto.

A represa do Cabuçu ficou famosa, pois devido a pressa de inauguração, não foi feito o desmatamento necessário e houve problemas de ácidos úmidos e fúlvicos dificultando o tratamento da água. Isto era constantemente repetido pelos professores nos cursos que fiz na Faculdade de Saúde Pública. A represa foi esvaziada e retirada toda a vegetação existente.

Um engenheiro da Sabesp que fazia pesquisas históricas sobre o Engordador quando tudo aquilo estava completamente abandonado me mostrou um copia do jornal “O Estado de São Paulo”, quando a represa do Cabuçu foi inaugurada a manchete “Água para o ano 2000”, mas o tempo mostrou que seria insuficiente para a capital.

O volume de água da represa do Cabuçu é de 1.776.000 m3 com vazão firme de 371 litros/segundo. 

Em 7 de maio de 1929 o município de Guarulhos abriu mão do Cabuçu através do convênio Guarulhos-governo do Estado de São Paulo.

Em 1977 o sistema Cabuçu foi desativado pela SABESP e em 1992 foi concedida outorga ao município de Guarulhos por 30 anos dos mananciais do Cabuçu, Barrocada e do Tanque Grande.

A Capela do Senhor Bom Jesus do Cabuçu próxima à represa do Cabuçu foi executada em 1850.

Hoje a represa do Cabuçu é administrada pelo SAAE de Guarulhos, havendo uma estação de tratamento de água a jusante da barragem e a água é distribuída na região.

Engenheiro civil Plínio Tomaz

Diretor de Assuntos Hídricos da ACE

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