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Adoção muito rápida de sistema prejudica empresas

A velocidade com que o Banco Central está implementar o novo Sistema de Pagamentos Brasileiro, SPB, previsto para entrar em funcionamento no próximo dia 22, depois de dois anos e meio de testes, não combina com a realidade brasileira, segundo o presidente da Associação Comercial Brasileira de São Paulo, Alencar Burti. A afirmação foi feita ontem durante reunião plenária, onde se discutiu o impacto do novo sistema nas empresas.

Excesso de otimismo – Para Alencar Burti há um excesso de otimismo por parte do Banco Central quanto à capacidade das empresas brasileiras de se adequar ao novo sistema num prazo tão curto. O SPB prevê a liquidação em tempo real das transações financeiras com valor igual ou superior a R$ 5 mil, que passarão a ser feitas pelo sistema de Tranferência Eletrônica Disponível, TED. Para o consultor Antônio Hermann Dias Menezes de Azevedo, da BDO Directa Auditores e Consultores, que conduziu a palestra sobre o efeito do SPB nas empresas comerciais, o novo sistema é uma das mudanças mais relevantes introduzidas na economia brasileira desde a reforma bancária, na década de 60.

Esforço enorme – O SPB, na sua opinião, vai exigir um esforço interno muito grande das empresas para se ajustarem ao sistema. “O Canadá, um dos últimos países que adotaram um sistema de pagamento semelhante, levou 14 anos para fazê-lo”, disse Menezes. A principal mudança para as empresas é a perda de flexibilidade operacional, que ficam sem poder sacar sobre os depósitos efetuados. As operações passam a ser feitas eletronicamente e em tempo real. E os bancos exigirão que os clientes tenham saldo em conta para efetuar saques.

Revisão – As companhias, segundo Menezes, ainda terão de fazer uma revisão em seus processos de pagamentos e recebimentos, alterar a forma de gerir da tesouraria e manter um sistema de computação como apoio na gerência de seu fluxo de caixa. As mudanças também atingirão os meios de pagamento, em especial aos cheques. Na opinião de Menezes, haverá um aumento no volume de transações e pagamentos com o cartão de débito em detrimento dos cheques, especialmente no comércio. “Inclusive com a possibilidade do fim do pré-datado.”

Distância do BC -Para Alencar Burti esta possibilidade só confirma o quanto o ideal do BC está distante da realidade brasileira. “O cheque já faz parte da cultura brasileira. É uma ferramenta fundamental hoje dentro da nossa economia, entre as empresas e no comércio.”

Roseli Lopes

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