Foram os alimentos os que mais sentiram a alta do dólar. Os preços do pãozinho francês, da soja e da carne subiram, mas a alta da moeda americana puxou também as tarifas públicas. Os preços são reajustados pelo IGPM, justamente o índice que disparou este mês. Foi a maior alta em dois anos. O IGMP – Índice Geral de Preços ao Mercado, calculado pela Fundação Getúlio Vargas chegou 2,32% em agosto. O dólar mais caro continua pressionando a inflação. Mais uma vez o pãozinho esteve entre as maiores altas. Em agosto, o preço do pão francês subiu 8,45%.
A soja é outro exemplo. Apesar de ser plantadas em terras brasileiras, o preço delas segue a cotação, em dólar, do mercado internacional. Resultado: o óleo subiu 6,11% em agosto.”A principal razão pelos aumentos dos produtos de alimentos é, sem dúvida o dólar”, disse Salomão Quadros, economista da Fundação Getúlio Vargas.
Mas não foi só isso. A entressafra aumentou o preço de produtos agropecuários, como a carne de boi. Tarifas administradas pelo governo, como as de telefone e as de eletricidade também subiram. No ano, esses serviços já tiveram reajuste médio de 13%. As operadoras têm garantido, em contrato, o repasse do IGPM. Em serviços em que a concorrência praticamente não existe, o consumidor não tem opção.
“Quando você tem empresas que estão sofrendo concorrências, elas precisam ter aumentos de preços e não consegue aumenta-los, o resultado prático é que elas negociam com os fornecedores, elas reduzem custos e aumentam a produtividade. As empresas públicas ou as empresas que estão tendo os seus preços corrigidos pelo IGPM, não tem esse desafio. Não é justo que essas empresas têm os seus preços aumentados, sem que elas estejam sujeitas à necessidade de reduzir custos, de serem mais produtivas e trabalharem como se estivessem em concorrência”, disse o professor de Economia, Nelson Barrizelli.