A persistência da alta do câmbio vai se refletir no resultado das indústrias, pois a queda de demanda levará ao corte obrigatório nas margens de lucro. É o que aponta relatório divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), acusando variação de 23,2% no preço do dólar somente nas duas primeiras semanas de julho em relação à média de abril.
No ano, a desvalorização do real acumula 20,2% sobre a média da taxa de câmbio em dezembro de 2001. Se o aumento do câmbio for percebido como duradouro, aumentarão as pressões para o repasse aos preços dos produtos.
Para a equipe econômica da CNI, essa possibilidade trará um dilema aos empresários. Isso porque o desaquecimento da atividade não abre margem para aumento de preços, porque a queda de demanda também é visível.
“A desaceleração econômica deve limitar o repasse dos aumentos no atacado e no varejo”, diz o relatório “Notas Econômicas”. Nesse cenário, só restará às empresas reduzir margens de lucro.
A análise da CNI se baseia no fato de que a alta da inflação registrada em junho reflete elevação nos custos do atacado, já pressionados pelo câmbio elevado. E isso é mais visível pela incorporação forçada de preços administrados, como dos combustíveis e lubrificantes, que apresentam alta de 8,5% no primeiro semestre. O aumento é de 30% nos combustíveis, ante a redução do início do ano em média de 25%.