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Bancos brasileiros melhoram a eficiência

Guarulhos, 20 de maio de 2002

Nos últimos quatro anos, o índice de eficiência das instituições financeiras brasileiras vem melhorando acentuadamente. Segundo levantamento da consultoria Austin Asis, o índice médio dos cinco principais bancos de varejo caiu de 81,7%, em 1998, para 64,4% em dezembro de 2001. O índice de é obtido com a divisão das despesas de pessoal e administrativas pelo resultado bruto da intermediação financeira e serviços. Quando menor o índice, maior a eficiência dos bancos.

A melhora, segundo o presidente da consultoria, Erivelto Rodrigues, é resultado de fortes investimentos em tecnologia e controle de despesas. A previsão é de que nos próximos três anos o índice se aproxime mais do obtido pelas instituições financeiras dos Estados Unidos e Europa.

“Acho que em 2005 a média dos bancos de varejo deverá estar perto de 55%. Ainda está acima dos 45% verificado nos bancos europeus e americanos, mas é bastante razoável para o nosso mercado, em que os bancos são usados para pagamento de contas de serviços públicos, o que não acontece mais nos países desenvolvidos.”

Enxugamento de pessoal

Em 1994, quando teve início a estabilização da economia, as instituições brasileiras estavam entre as piores do mundo em matéria de eficiência. “O índice estava próximo de 90%. Com o fim da receita gerada pela inflação, os bancos passaram a investir em eletrônica e internet. O resultado foi um enxugamento no pessoal, que caiu de 1,1 milhão, em 1994, para 450 mil, este ano, e um aumento brutal na eficiência”, explica Rodrigues.

Para o analista, a busca da eficiência deverá permanecer entre as prioridades estratégicas dos bancos nos próximos anos. “A eficiência, assim como o foco, será decisivo para a sobrevivência dos bancos nos próximos anos. Acho que quem conseguir índice próximo a 55% em 2005. estará bem”, afirma Rodrigues.

Segundo levantamento feito pela Austin Asis, Bradesco, Banespa e Itaú são os destaques entre os grandes bancos de varejo, com índices de 62,1% para os dois primeiros e de 62,3% para o terceiro, com base no balanço consolidado de dezembro de 2001. A média é de 64,4%. Na medição própria que faz do seu índice (agregando receitas de previdência e seguros, na divisão pelas despesas do pessoal e administrativas), o Itaú chegou a 54,4% no quarto trimestre do ano passado, subindo para 54,5% nos primeiros três meses desse ano.

Consultorias externas

Um executivo de um grande banco de varejo informou que tanto Itaú quanto Bradesco contrataram recentemente consultorias externas para ajudá-los a aumentar o índice de eficiência. “Itaú e Bradesco, que fizeram aquisições recentemente, ainda devem promover ajustes, para aproveitar as sinergias com as estruturas dos bancos que absorveram”, diz o executivo.

Entre os bancos focados no “midlle market”, o destaque é o Safra, com 53,5%, num segmento em que a média é de 63%. O Sofisa, com índice de 48%, também tem ótimo desempenho, mas é um banco bem menor que o Safra. Já entre as instituições voltadas para o crédito pessoal, o BMG, com 41,6%, é o que apresenta o melhor desempenho. Safra e BMG têm em comum um rigoroso controle das despesas e, principalmente, um foco bem definido em suas atividades. “Nós temos uma atuação muito forte no controle de despesas. E também procuramos maximizar ao máximo o nosso portfólio de negócios, sem sacrificar a nossa estrutura de custos”, afirma Ivo Lodo, diretor de processos corporativos do Safra. O banco, que tem como clientes grandes corporações, com faturamento acima de R$ 100 milhões por ano, e atuação muito forte no leasing para veículos novos, está investindo em dois novos segmentos, o de “private” e o de operações especiais.

“Não é porque os maiores ?spreads? são encontrados no varejo, que nós vamos abrir um grande número de agências para ganhar escala, e com isso sacrificar a nossa estrutura de custos. Somos um banco especializado. Não adianta tentarmos fazer algo para o qual não temos vocação”, diz Lodo, lembrando que o banco também fez muitos investimentos em tecnologia.

“Isso nos dá um diferencial. No leasing, a nossa resposta para as concessionárias chega em 20 minutos. Esse é um dos motivos pelos quais somos líderes em leasing para carros novos. No middle market, temos uma avaliação das condições financeiras dos clientes muito superior à do mercado, o que também conta muito.”

Estrutura enxuta

Ricardo Guimarães, vice-presidente executivo do BMG, diz que o banco trabalha com uma estrutura enxuta voltada quase que exclusivamente para o principal negócio da instituição, o empréstimo consignado para servidores públicos. “Também fizemos fortes investimentos em automação e software, para oferecermos o melhor serviço do mercado”, afirma Guimarães.

A excelência no serviço, segundo o executivo, é fundamental para o BMG continuar crescendo num mercado em que enfrenta a concorrência de grandes instituições. “Nós conseguimos fazer a liberação do crédito no mesmo dia. Esse mercado de financiamento ao consumo ainda tem muito potencial de desenvolvimento”, diz.