Bancos já falam em dólar a R$ 2,50 no Natal
Depois de meses de especulação, o dólar começou a queimar na mão dos investidores. Ontem, houve correria no mercado para se desfazer dos estoques de moeda norte-americana. O dólar caiu 2,8% e fechou em R$ 2,60, a mais alta cotação do real desde 6 de setembro.
A recuperação do real foi acompanhada de euforia na Bovespa, que marcou sua segunda maior alta do ano com 6,82%.
“Todo mundo queria vender. O dólar era como gelo derretendo na mão das pessoas”, disse Dawber Gontijo, estrategista-chefe do HSBC Investment Bank.
Foi o terceiro dia seguido de queda, num momento em que a crise na Argentina chega ao seu ponto mais alto, com o anúncio de que parte dos juros da dívida pública não serão pagos.
Os investidores dizem que têm uma explicação para essa contradição. Segundo eles, a crise se estendeu por muito tempo e provocou uma alta do dólar maior do que o necessário.
“O calote veio e o Brasil não acabou. Se não houver problemas políticos mais graves, a tendência é de queda no dólar”, diz Jorge Simino, diretor da administradora de recursos do Unibanco (UAM).
Os bancos e as empresas nem esperaram o desfecho da crise argentina para embarcar na onda otimista. Nas projeções dos bancos, a cotação no final do ano ficará mais próxima de R$ 2,50 do que de R$ 2,80 por dólar como se especulava há dez dias.
A base do otimismo é a crença de que os investidores estrangeiros e FMI não vão tratar o Brasil do mesmo jeito do que a Argentina. Ou seja, vão continuar a emprestar recursos para o país fechar suas contas externas no ano que vem. Tal confiança se deve à melhora dos indicadores da economia. Como o dólar estava muito alto, as importações despencaram e reduziram o déficit externo.
“O mais importante é que a queda do dólar é uma demonstração de confiança no Brasil e no seu futuro”, disse o ministro Pedro Malan (Fazenda) durante um encontro com empresários no início da noite de ontem em São Paulo.