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BB reage com financiamento à compra de bens.

Guarulhos, 07 de novembro de 2001

Maior instituição financeira do País, qualquer movimento feito pelo Banco do Brasil (BB) é sentido em todo o mercado. E o próximo passo está em preparação e promete repercussões fortes: o banco vai voltar suas baterias, e sua enorme rede de atendimento com quase 8 mil pontos, para aumentar a carteira de financiamento de compra de bens. A estratégia está em preparação e deve ser lançada a partir de janeiro, conta o diretor de varejo, Ricardo de Barros Vieira.

A carteira total de financiamento de bens do mercado somava R$ 27 bilhões em setembro, segundo os últimos dados disponíveis no Banco Central. Mas o xodó dos bancos e instituições financeiras é o financiamento de automóveis, que concentra R$ 23,3 bilhões dos recursos. Vieira considera que o adequado para o BB é ocupar entre 15% e 20% do estoque de créditos para compras, o que eqüivale a participação da entidade no mercado financeiro nacional. Isto significa uma carteira entre R$ 4 bilhões e R$ 5 ilhões, o que implicaria em multiplicar mais de dez vezes o estoque atual de créditos, de R$ 420 milhões.

O objetivo pode parecer exagerado, mas a experiência de outra carteira do BB, a de crédito pessoal, serve de modelo. Em 1996 era de R$ 400 milhões, e este ano chegou a R$ 5,96 bilhões, ocupando 26% do mercado. O projeto para elevar o estoque de financiamento de bens não tem prazo para ser conseguida. “Se atingirmos em dois anos está bom', afirma Vieira. “O que define a competitividade é a escala, a base de clientes', diz o diretor. É entre eles que o banco pretende ampliar a carteira.

O BB conta com os 13 milhões de correntistas, e o profundo conhecimento do perfil destas pessoas para projetar um salto tão ambicioso. Vieira conta que, até agora, o BB simplesmente não havia se concentrado em expandir a carteira de financiamento de bens. Outros produtos foram mais trabalhados. Aspectos tecnológicos influíram nesta opção. A estratégia do banco foi estabelecer como parâmetro que todo o cliente tem direito a empréstimo, cujo valor e linhas acessíveis são definidos pelo perfil e escore alcançado em um modelo de pontuação baseado no relacionamento comercial com o banco.

'Isto evita que o crédito seja barrado, por exemplo, por um gerente que não quer aumentar a exposição da sua agência', afirmou Vieira. Outro aspecto que completa a estratégia do banco foi o investimento em tecnologia que permite o crédito pelo sistema de auto-atendimento, dispensando a intermediação e interferência de funcionários. Além de facilitar e desburocratizar o processo, o serviço de crédito via máquinas nos pontos de atendimento dá autonomia de decisão aos clientes, que escolhem quando tomar o empréstimo sem a interferência ou intermediação dos funcionários.

Financiar bens ficou para 2002 devido, parcialmente, às dificuldades tecnológicas. O modelo de atendimento desta linha está sendo preparado, e deverá, ao contrário dos outros créditos do Banco, só parcialmente automático. “Toda a operação que envolve garantias, como documentação de automóveis e de alienação, exige um sistema mais burocrático', alega Vieira. O banco estuda formas de tornar o mais simples e rápido o processo, mas não será possível a automação completa.

Mesmo assim a direção considera importante ampliar a carteira de financiamento de bens. “A média das operações de crédito é de R$ 1,5 mil e são necessárias dez dessas para totalizar um empréstimo para compra de um carro de R$ 15 mil', explica Vieira. O potencial de demanda para compra de automóveis, eletroeletrônicos e equipamento de informáticas é o atrativo. O trabalho de refinamento das análises de perfil permitirá, segundo Vieira, encontrar entre os clientes aqueles com interesse na aquisição via empréstimo.

O BB volta os olhos para o segmento de bens com grande confiança, mas para quem já opera no mercado as opiniões sobre a demanda nos próximos meses.

O diretor superintendente da Pecúnia, José Ferraz, acredita que há espaço para todos. O setor ainda é proporcionalmente pequeno, afirma, fruto de anos em que ganhos com a inflação eram mais interessantes para os bancos.

Portanto, ainda há muito para crescer. “Desde o Plano Real o mercado vem se encorpando', informa. A Pecúnia faz 35 mil operações por mês em crédito para aquisição de automóveis, principalmente usados, lojas de varejo e crédito direto ao consumidor.

Já o diretor de planejamento da Finaústria, Moisés Jardim, lembra que o mercado de automóveis é sensível não só às taxas de juros, mas também ao nível de confiança do consumidor, pois as operações são de médio e longo prazo. Com a desaceleração da economia este ano, a Finaústria está crescendo 5%, quando havia projetado uma expansão de 20%. “Com cenário desfavorável, fomos mais conservares na concessão dos créditos, inclusive nas taxas de juros e spread', diz Jardim. Ele considera que as medidas foram corretas, pois evitaram a redução da rentabilidade mesmo com aumento da inadimplência.