O Bradesco obteve, no ano passado, lucro líquido de R$ 2,17 bilhões. O resultado é 24,7% maior do que o de 2000 e, na moeda local, torna-se o novo recorde de lucro de instituições financeiras no Brasil, descontada a inflação.
O pódio será garantido por um mês. A Folha apurou que o Itaú só divulga seus números fechados de 2001 entre os dias 4 e 5 de março. Não é comum que os anúncios sejam separados por intervalo tão grande, mas, desta vez, o concorrente teve mais trabalho para fechar as contas.
A compra do Sudameris, em 22 de dezembro, tem de ser incluída no balanço de 2001. As aquisições recentes do Bradesco, na corrida pela liderança do varejo bancário, foram fechadas já em janeiro.
Mas, quando o resultado do Itaú sair, deve desbancar o recorde do Bradesco. Nas estimativas do consultor Erivelto Rodrigues, da Austin Asis, ficará em torno de R$ 2,6 bilhões.
Números inflados
Os números do Itaú serão inflados em aproximadamente R$ 450 milhões pela venda da sua rede de telecomunicações no ano passado. O ganho cambial, segundo Rodrigues, também será muito maior no Itaú, devido à exposição mais ampla no exterior.
Mas será também essa exposição que abaterá as contas do concorrente do Bradesco neste ano. As perdas na Argentina, com o Banco Buen Ayre, entrarão no balanço do Itaú no exercício atual.
Exceto por esses dois fatores extraordinários, os dois resultados ficarão em linha, segundo o consultor. No Bradesco, os ganhos cambiais não foram desprezíveis. Muito menos a receita com a ciranda financeira dos juros.
O maior banco privado brasileiro aumentou ainda mais a sua eficiência em 2001. O retorno sobre o patrimônio líquido, que em 2001 atingiu R$ 9,768 bilhões, foi de 22,2%. Em 2000, havia ficado em 17,4%, excetuados fatores extraordinários que entraram naquele balanço.
“As aquisições contribuíram para a venda cruzada de produtos”, disse Luiz Carlos Trabuco Cappi, diretor vice-presidente do Bradesco, em conferência telefônica para a apresentação dos resultados. Em 2001, o banco atingiu o índice de 5,08 produtos por cliente, pouco mais que no ano anterior.
O Bradesco, segundo Rodrigues, é o banco que melhor aproveita seus clientes para faturar com produtos de diferentes áreas. Do lucro de 2001, a área de seguridade respondeu por 28%; a financeira, por 60%.