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Brasil está se tornando um país de mulheres chefes de família

Guarulhos, 08 de março de 2002

O Brasil está se tornando um país chefiado por mulheres. Pelo menos quando o “território” é o domicílio. E elas moram sozinhas, estão estudando mais, sustentam filhos e em dez anos passaram a ganhar salários maiores. O perfil desta mulher batalhadora foi traçado pelos números do IBGE, no estudo “Perfil das Mulheres Responsáveis pelos Domicílios no Brasil”, divulgado ontem, véspera do Dia Internacional da Mulher.

Nos últimos dez anos, houve um crescimento relativo de 37,6% na proporção de lares brasileiros que têm um responsável do sexo feminino. Além disso, a proporção de mulheres chefes de família alfabetizadas cresceu 15,7% e o rendimento nominal médio desta brasileira aumentou 61,9% de 1991 a 2000.

As mudanças de perfil da mulher responsável pelo sustento do lar não terminam por aí. Além de alfabetizada, as chefes de famílias têm mais anos de estudo. De 1991 a 2000, diz o estudo do IBGE, “houve queda substancial nas taxas de analfabetismo e, ao mesmo tempo, aumento regular da escolaridade em todas as faixas etárias”. Mas que ninguém pense que nos últimos dez anos a situação da mulher brasileira virou um mar de rosas.

Apesar de ter sido registrado um aumento da participação de mulheres no mercado de trabalho, elas ainda ganham menos que os homens. Em 2000, diz o IBGE, persistem as diferenças de rendimentos entre os responsáveis por domicílios dos dois sexos: nestes casos, a mulher recebe o correspondente a 71,5% do salário do homem responsável pela família. Em 1991, ela recebia cerca 63,1% deste rendimento.

As desigualdades entre os perfis educacionais das mulheres das grandes regiões continuam existindo. A mulher chefe de família que vive no nordeste ainda mantém os piores indicadores educacionais.

De acordo com o IBGE, a taxa de analfabetismo entre as mulheres responsáveis pelo domicílio (de 10 anos ou mais de idade) caiu em todo o país de 31,3% em 1991 para 20,5% em 2000. Taxa que, mesmo em declínio, ressalta o estudo do IBGE, é muito alta. Em números absolutos, são cerca de 2,3 milhões de mulheres analfabetas, a metade delas vivendo no Nordeste.

No Sul e no Sudeste cerca de 8% das mulheres responsáveis chegaram a 15 ou mais anos de estudo, já no Norde e no nordeste, a proporção é de cerca de 4%.

Simone Candida