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Brasileiros voltam seus olhos para a Argentina

Guarulhos, 11 de fevereiro de 2002

Sem dúvida, um dos fatos mais interessantes para o Empresário, é saber como se comportará a Argentina nesse primeiro dia de câmbio livre. Pesquisas feitas junto a população, demontrou que apenas 0,07% está otimista quanto a esse novo mecanismo.

Sem nenhuma garantia de que obterá apoio do Fundo Monetário Internacional e uma negativa formal do G-7 (grupo das nações mais ricas do mundo) em oferecer ajuda financeira enquanto não avançarem as negociações com o FMI, a Argentina começará hoje um processo que pode definir o futuro do país nos próximos anos ou no mínimo o do governo de Eduardo Duhalde.

A partir desta manhã, o país passará a ter um regime de livre flutuação do dólar. Quando o mercado abrir, deixará de existir o sistema de câmbio duplo, com uma cotação do dólar oficial, de 1,40 peso, e uma livre. Esse arremedo que perdurou por um mês era uma forma de evitar a transição direta do câmbio fixo para a livre flutuação. Na sexta, a moeda foi vendida por doleiros nas ruas de Buenos Aires a 2,40 pesos.

Durante o último mês, o BC argentino fez seguidas intervenções no câmbio, torrando cerca de US$ 450 milhões das reservas.

Saques liberados

Os sinais emitidos pelo Fundo e agora pelo G-7 não poderiam ser mais desalentadores às vésperas de uma jornada que promete ser tumultuada. A Fundação Capital, um dos principais centros de estudos econômicos da Argentina, estima que em um primeiro momento a cotação do dólar irá a 3 pesos. Haverá um fator de pressão: a partir de hoje começa a valer a flexibilização do curralzinho, com a liberação total de saques dos salários depositados em contas bancárias. Com mais dinheiro no bolso, a população tende a aumentar a procura por dólares.

Ao anunciar um novo plano econômico, o segundo da gestão Duhalde, no domingo passado, o ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov, ratificou a adoção do sistema de câmbio livre. No mesmo anúncio, lembrou que o BC tem US$ 14 bilhões em reservas -o que daria fôlego para conter o avanço da moeda.

A forma gélida com que o FMI e o governo norte-americano receberam o plano de Lenicov minou nos últimos dias a convicções da equipe econômica argentina sobre a possibilidade de evitar uma sobredesvalorização do peso. Oficialmente, cobram um plano econômico sustentável e que a política econômica argentina seja baseada a partir de um Orçamento real. Nos bastidores, a exigência é outra: de que o país também retome as negociações com os credores externos -depois da moratória decretada em dezembro.