Um estudo realizado por cientistas americanos surpreendeu o mundo nesta terça-feira: revela que a clonagem de humanos poderá ser mais fácil e eficaz do que em animais. Ao contrário do que se acreditava, é possível que a criação de embriões humanos clonados tenha menor incidência de falhas no DNA e doenças.
De acordo com pesquisadores da universidade de Duke, na Carolina do Norte, a causa dos problemas genéticos nos clones pode ser um defeito no gene IGF2R, que controlam o crescimento das células. Quando este gene não age normalmente, as células podem se desenvolver de maneira desordenada, causando tumores e defeitos congênitos. Um exemplo: a famosa Dolly, primeiro animal clonado de um animal adulto, tem envelhecimento precoce.
Numa reprodução convencional, através de relação sexual, esse tipo de gene é duplicado e transmitido automaticamente. Porém, vários animais têm falhas nesse processo – e um dos genes responsáveis por essa função é “desligado”. No processo de clonagem, o gene remanescente é afetado – e as falhas são inevitáveis.
A falha acontece com ovelhas, porcos, vacas e camundongos, mas não com os humanos. Nos homens, as duas cópias do gene IGF2R são transmitidas e funcionam normalmente. Portanto, ao menos um deles funcionaria, e isso mesmo que a clonagem danificasse o outro. Assim, é provável – em teoria, vale ressaltar – que o problema das deformidades fetais e defeitos genéticos não ocorra com os humanos e que a clonagem seja muito mais segura do que em outros animais.
Pioneirismo – “São os primeiros dados genéticos concretos mostrando que o processo de clonagem pode ser menos complicado em seres humanos do que em ovelhas”, disse Keith Killian, de Duke, ao jornal The Independent. O autor da pesquisa, publicada nesta terça na publicação científica Human Molecular Genetics, acredita que os humanos clonados não teriam supercrescimento fetal, mas ressalta que sua pesquisa tem apenas fundamentação teórica – na prática, outros problemas poderiam ocorrer.
A clonagem humana, alvo de intensa polêmica desde o surgimento da ovelha Dolly, em 1997, voltou a ser discutida internacionalmente com o anúncio de que um médico italiano já está tentando clonar um embrião. Na semana passada, Severino Antinori divulgou que vai criar o primeiro embrião clonado de um humano até o fim do ano, e que já tem 200 casais inférteis dispostos a participar da experiência. França, Alemanha, Japão e Estados Unidos estudam a proibição à experiência, que já é ilegal na Inglaterra.