A convocação pregava fechar as portas por uma hora para não fechar de vez. E parte dos empresários de Guarulhos entendeu que era mesmo a hora de gritar contra os desmandos políticos das várias esferas de governo que levam a cidade e o País a um dos mais terríveis períodos de recessão econômica. “O que a gente tem que mostrar é que do jeito que está não está bom”, disse Ana Alice Vieira, dona da floricultura Ana’s Flores, que desde 2005 funciona na Rua Capitão Gabriel, no Centro de Guarulhos.
A campanha foi promovida pela Associação Comercial e Empresarial de Guarulhos, em parceria com os comerciantes e prestadores de serviço da cidade. “Se a gente não aderir a um protesto como este, como mostraremos nossa insatisfação aos governantes?”, indagou Ana. Ela tinha outra empresa, de bichos de pelúcia, inaugurada em 1999, mas foi obrigada a fechar por conta da crise econômica.
A proprietária do ateliê de costura Fino Ajuste, Isabel Martins, disse nunca ter passado por uma crise dessa. “Alguma coisa a gente tem que fazer. Nossa atitude é que pode fazer a coisa mudar. Estamos fazendo a nossa parte”, afirmou a empresária que está há quatro anos no negócio.
“Eu acredito que a ação cumpriu a missão de mandar um recado aos políticos que fazem mau uso do dinheiro público que é arrecadado com os impostos recolhidos por todos os contribuintes, inclusive a importante classe empresarial. Não podemos nos omitir diante de tantos casos de corrupção que assolam nossa economia”, disse o presidente da ACE, William Paneque.
Durante o período proposto para o fechamento das empresas, diversos empresários fizeram fotos de seus negócios parados e postaram nas redes sociais com a hashtag #osempresariosdizembasta. David Pinheiro é casado com uma artista plástica que também baixou as portas. “Está muito difícil. Ela está aqui há 28 anos e nunca enfrentou uma crise assim”, lamentou.
Foram feitas ações de divulgação da campanha em vários centros comerciais da cidade, como Vila Galvão, Taboão, Bonsucesso e Centro. “Uma rápida passagem pelo principal ponto comercial da cidade e é perceptível o resultado de tanta incompetência na administração do País e da cidade. É gritante o número de estabelecimentos fechados porque os empresários quebraram. Quantas placas de aluga-se vemos na Dom Pedro?”, espantou-se Paneque, que prometeu dar continuidade à campanha fazendo um levantamento da mortalidade de empresas nos diversos centros comerciais de Guarulhos.