Notícias

Comportamento – Sete Vidas

Guarulhos, 12 de abril de 2005

Dizem que os gatos têm sete vidas. Que bom seria se tivéssemos também. Porque temos que nos contentar com viver as sete em uma só. Sete ou oito, é a média.

Eu aprendi isso com um diretor, quando trabalhava na França. Ele reparou que eu estava angustiada em relação ao meu futuro e me disse: – Cristina, quanto mais complexa é a personalidade de uma pessoa, mais rica ela é. Mas normalmente as facetas de nossa personalidade têm expectativas bem diferentes em relação ao futuro. Por que você, que gosta de metodologias, não experimenta esta: faça uma negociação entre as diversas “Cristinas”.

Desenhe uma mesa e, em volta, todas as Cristinas que vivem dentro de você. Faça uma reunião e dê tempo para cada uma falar suas vontades, suas frustrações, etc. Depois faça uma agenda anual e negocie tempos para que cada uma delas realizem os seus sonhos e defina quando uma deverá abrir espaço para as outras.

Acostumada com suas idéias, um tanto diferentes, fui para a minha sala e, fiz a reunião. Já comecei desenhando uma mesa oval, para caber muita gente. Coloquei a Cristina profissional (que, lógico, já assumiu uma das cabeceiras), a artista, a mãe (potencial), e mais algumas que eu não estou muito a fim de contar a vocês. Eram sete. Sete personalidades internas que começaram a conversar. A Cristina facilitadora de grupos (ausente na mesa já que aprendeu a não emitir sua opinião) teve que intervir várias vezes para garantir a paz geral. Tinha umas coitadinhas que nos últimos anos não tiveram tempo para falar o quanto estavam descontentes com seu dia-à-dia e com o egoísmo das outras do “grupo”.

Utilizando de técnicas de “team-building” e “search conference”, consegui fazer com que cada uma analisasse os desejos, prioridades e urgências das outras. No dia seguinte, baixado o stress, fizemos um plano de ação para os cinco anos seguintes. Algumas cederam para ter sua realização depois da aposentadoria, mas as outras tiveram que se organizar. E viveram felizes para sempre! (ou quase…)

Moral da história:

Caros executivos e empresários:

1. Não se surpreendam se as pessoas se desviarem do caminho que faz parte da expectativa da empresa, principalmente se essas estiverem visivelmente dedicando grande parte do seu tempo para o trabalho e não exercendo seus outros papéis. Você já ouviu isso: “Ele sempre foi tão dedicado ao trabalho… de repente… deu a louca…largou tudo…ou pifou!

2. Percebam que uma empresa com 1000 funcionários têm umas 7000 personalidades ou vidas a serem satisfeitas.

Caro leitor:

1. Valorize seus diversos papéis e dê um tempinho para eles.

2. Faça uma mesa redonda e uma negociação honesta, dê espaço para os “eus” minorias, para que com o passar do tempo aquela sensação de frustração não tome conta de sua vida.

Cristina Gurgel