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Consertos sobrevivem aos descartáveis

Em tempos de produtos descartáveis ainda há empresas que consertam tênis, bolsas, bijuterias, brinquedos e até mesmo guarda-chuvas. A maioria delas existe há décadas, usando técnicas e conhecimentos que passam de pai para filho. Serviço não falta, em negócios que têm retorno garantido com consumidor cativo. O Hospital das Bonecas, que tem mais de 50 anos de existência em São Paulo, faz, em média, 900 consertos por mês em suas três lojas. Os produtos reparados vão de artigos rústicos a brinquedos eletrônicos de última geração. De bonecas de porcelana antigas a carrinhos, videogames e motos elétricas. Os preços variam muito, de acordo com o tipo de brinquedo e seu estado de conservação. Um dos serviços mais comuns, como a limpeza, troca de olhos e penteado nos cabelos de uma boneca simples, custa R$ 15. Os prazos de entrega podem ser de três dias úteis a uma semana. O Hospital das Bonecas ainda oferece os serviços da “ambulância”, que retira e entrega os brinquedos em casa, com preços que variam entre R$ 5 e R$ 10, dependendo do local da retirada.

De pai para filho – O proprietário, Leonardo Capelo, herdou a empresa que foi fundada pelo avô e já prepara seus filhos para substituí-lo. “É um negócio que compensa muito. Não há nada melhor que ver o sorriso no rosto de uma criança que tem seu brinquedo favorito recuperado”, diz. Um negócio que passou de pai para filho também é o caso da Bolsas Valéria, há 45 anos no centro de São Paulo. A oficina faz consertos de bolsas, malas e acessórios de couro em geral. “O forte são as malas, que representam 60% dos 400 trabalhos que fazemos por mês”, afirma Aníbal Olim Carvalho Jr., gerente e filho do fundador da empresa. Ele diz que recupera peças de grife fazendo reparos com matéria-prima similar, já que marcas famosas têm suas próprias oficinas de conserto. De marcas mais acessíveis, Aníbal Jr. refaz partes a custo bem inferior. Se na loja original o conserto fica em torno de R$ 100, na Bolsas Valéria vai custar cerca de R$ 30. Quando a bolsa ou mala requer um conserto simples, o custo gira em torno de 20% do valor da peça nova. Em caso de problemas mais complicados, o preço eleva-se para 50% do valor da peça nova. Aníbal Jr. explica que também refaz peças destruídas, mas só recomenda o trabalho, quando se trata de artigo de couro, de qualidade. Caso contrário, é melhor comprar outro. A Bolsas Valéria oferece serviço de retirada e entrega dos produtos em domicílio, cobrando uma taxa de visita de R$ 30. Também há a opção de deixar o produto danificado em um dos oito pontos de coleta (lavanderias) espalhados por São Paulo.

De tudo um pouco – Enquanto algumas empresas de consertos se caracterizam pela especificidade de sua atividade, outras se tornam verdadeiros “supermercados de serviços”. Esse é o caso da Remendão, que oferece produtos e serviços variados, como conserto de roupas, sapatos, cintos, bolsas, malas, sapatos e até guarda-chuvas. A idéia de montar a Remendão veio também de família. “Meus pais já atuavam nessa área. Meu pai trabalhava em uma fábrica de calçados e minha mãe costurava”, diz a proprietária da empresa, Regina Kurdoglian. Com 10 anos de existência e duas lojas (Moema e Jardins), a Remendão tem 20 funcionários que se revezam em serviços que vão desde simples ajustes à tecelagem manual para corrigir pequenos defeitos, como rasgos. Uma bainha de calça feita a máquina custa R$ 10,50, já a capinha do salto de um sapato feminino sai entre R$ 6 e R$ 12.

Só para tênis – Já o Hospital do Tênis Xoxulé faz a lavagem, higienização e manutenção em tênis de todas as marcas e modelos. São cerca de 15 pares manuseados por dia na empresa, que também recebe produtos por meio de dez postos de coleta (sapatarias) em São Paulo. A lavagem completa custa R$ 12 e a troca de solado sai por R$ 32. “Nosso prazo de entrega é de três dias úteis para os casos mais simples”, diz a proprietária Maria Isilda Esteves Leite.

Estela Cangerana

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