Consulta ao SCPC poderia evitar prejuízo ao varejo
Pesquisa realizada em março deste ano pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo, revelou que 75% dos emitentes de cheques sem fundo faziam parte também da lista de maus pagadores do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). “No geral, quando o consumidor se torna inadimplente em uma modalidade de crédito, tende à inadimplência também em outras formas de financiamento”, diz o presidente da Associação, Alencar Burti. A pesquisa constatou ainda que 68% dos emitentes de cheques sem fundo entrevistados já constavam do cadastro de inadimplentes do SCPC. “Ou seja, uma simples consulta ao serviço teria evitado o recebimento de tais cheques”, completa. De acordo com o levantamento, 87% dos cheques sem fundo foram usados para pagamentos pré-datados. Isto é, houve uma concessão de crédito por parte do lojista.
Persistentes – A pesquisa também revela que 56% dos entrevistados tinham mais de cinco “borrachudos” registrados no cadastro de cheques sem fundo da Associação, o UseCheque. Cerca de 20% tinham de 10 a 20 registros e 10%, mais de 20. Segundo a entidade, há uma média de 9,6 cheques sem fundo por CPF. “Essa situação é um problema para quem trabalha com cheques”, conclui.
As lojas de roupas e calçados são as que mais sofrem com a inadimplência, apurou a pesquisa – os cheques emitidos nessas lojas correspondem a 17% do total de cheques sem fundo. Em segundo lugar, aparecem os supermercados e os postos de gasolina, ambos com 13%. Entre as causas da inadimplência, o desemprego foi apontado como motivo principal, por 37% dos entrevistados. Mas o porcentual foi bem inferior ao apurado nas pesquisas do SCPC, de 56%. A segunda explicação dada pelos entrevistados foi o “descontrole do gasto” (25%). No SCPC, esse item teve 10% das respostas. Além disso, a maioria dos emitentes de cheques sem fundo (66%).
Meios eletrônicos – Segundo Burti, a grande preocupação da entidade com a questão dos cheques sem fundo levou a Associação a aprimorar o UseCheque. O cadastro conta com informações adicionais, que permitem cruzar os dados apresentados pelo emitente como forma de prevenir, principalmente, o uso do cheque roubado. No entanto, disse Burti, “é necessário que sejam adotadas medidas que possam dificultar a ação não apenas dos marginais, que se utilizam de cheques roubados, como a dos contumazes passadores de cheques sem fundo”. Segundo Burti, a Associação vem mantendo contato com o Banco Central na busca de soluções para o problema. “É equivocada a visão de que o cheque será rapidamente substituído por transações eletrônicas e, por isso, é fundamental o seu fortalecimento”, afirmou, acrescentando que a transição do cheque em papel para o eletrônico será gradativa. Por isso, concluiu, não será possível esperar até que essa transição ocorra para resolver o problema do cheque sem fundo, que causa prejuízos não apenas para o comércio mas, sobretudo, para os bons pagadores.
Nota: Os serviços de consultas citados também estão disponíveis através do Banco de Dados da ACIG. Informações pelo telefone 6463-9305 – Departamento Comercial.