Consumidor nota ação social das empresas
Não basta ter produto de qualidade e boa propaganda. Tem sempre de participar. O consumidor brasileiro, que se tornou mais exigente nos últimos anos, também leva em conta, na hora da compra, a questão ética das empresas. Pelo menos é o que mostra o terceiro levantamento realizado pelo Instituto Ethos com 1.002 entrevistados, entre 18 e 74 anos, em dez regiões metropolitanas.
Segundo a pesquisa, o apoio a atividades comunitárias e a contratação de deficientes físicos aparecem como fatores que motivariam mais os consumidores a comprar os produtos de uma empresa. Os dois itens foram citados por mais de 40% dos entrevistados.
Em seguida, com quase 30%, os consumidores apontaram como estimulantes na hora de comprar um produto as ações das empresas ligadas à área de educação (programas de alfabetização para funcionários, aprendizagem para jovens e campanhas educacionais na comunidade).
“A pesquisa mostra que não adianta as empresas investirem em projetos sociais sem desenvolver atividades para os seus funcionários”, afirma o diretor-presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Oded Grajew. Ele lembra que, para os consumidores, também é importante que a empresa invista na conservação ambiental de áreas públicas, em eventos culturais, em serviços de atendimento ao consumidor de qualidade, entre outros fatores.
Discussão
O levantamento do Instituto Ethos aponta que o comportamento ético ou social das empresas vem sendo cada vez mais discutido pelos consumidores: 31% dos homens e 33% das mulheres disseram que discutem algumas vezes sobre a ética das empresas.
A pesquisa também levantou quais as principais restrições que levam o consumidor a deixar de comprar o produto de uma empresa. Para 43% dos entrevistados é inaceitável a veiculação de propaganda enganosa. “O consumidor quer ser tratado com respeito. Isso serve de alerta para as empresas”, diz o diretor-presidente do Instituto Ethos.
Na opinião de Grajew, o consumidor está cada vez mais atento ao marketing desenvolvido pelas empresas, e não se deixa levar apenas por uma campanha tecnicamente bem produzida. “Como hoje existem várias empresas que produzem produtos muito parecidos, ficou mais acirrada a disputa por novos consumidores. Na hora de escolher, os projetos de responsabilidade social desenvolvidos pelas empresas estão sendo analisados”, afirma.
O peso da responsabilidade social no momento do consumo ainda é pequeno no Brasil, se comparado aos índices de outros países. No Brasil, 16% dos consumidores entrevistados pelo Ethos disseram que prestigiam uma empresa que consideram socialmente responsável, comprando seus produtos ou falando bem da empresa, percentual similar ao de países como México, África do Sul e Venezuela. Em outros, como Austrália e Estados Unidos, o índice ultrapassa 50%.