Em meio ao cenário de juros altos e maior restrição nas concessões de crédito, os consumidores diminuíram a posse de cartão de crédito e aumentaram o uso de cartões de lojas e supermercados. O porcentual de consumidores que utilizam cartão de crédito caiu de 42% em 2015 para 40% em 2016. Já o total dos que usam cartão de loja e supermercados avançou de 25% para 28% no período, maior patamar em pelo menos dez anos.
Os dados são de um levantamento da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) em parceria com o instituto de pesquisa Ipsos. “O uso de cartão de estabelecimentos comerciais vem crescendo desde 2012. Aumentaram as parcerias do comércio com instituições financeiras”, diz Christian Travassos, gerente de economia da Fecomércio-RJ. “Os estabelecimentos estão cada vez mais envolvidos na forma de pagamento. É o varejo tendo que se reinventar para não perder mercado”.
Quanto aos critérios para a escolha da modalidade de crédito, 30% dos consumidores entrevistados disseram priorizar a rapidez na aprovação e outros 30% atribuíam a escolha ao valor das parcelas. O cartão de loja costuma proporcionar justamente a aprovação imediata de crédito e ainda possibilita esticar mais o prazo de pagamento, o que acaba diminuindo as parcelas.
“Você tem uma margem considerável de pessoas ainda com carteira assinada, e condições de tomada de crédito, que não tinham acesso ao cartão de loja. Nesse momento de cobertor curto, essa é uma forma de fazer girar o orçamento. Então elas recorrem a essa modalidade de crédito”, justifica Travassos.
As demais razões mais citadas para a escolha do crédito no varejo foram o prazo para parcelamento (25%) e a menor taxa de juros (22%). “Está mais difícil aprovar um crédito bancário do que pegar um crédito na própria loja, que depende exclusivamente do lojista. Ele pensa: vou aumentar a receita e correr mais riscos”, diz o economista da Boa Vista SCPC (empresa parceira da ACE-Guarulhos), Flávio Calife. “Vai do limite de cada lojista até onde ele tem condições e se vale a pena assumir esses riscos”.
Com informações do Diário do Comércio