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Crédito mais difícil após a elevação do compulsório

A decisão de elevar o compulsório sobre os depósitos a prazo dos bancos, de 10% para 15%, tomada pelo Banco Central (BC), que vigora a partir do dia 21, vai retirar de circulação no sistema financeiro cerca de R$ 6,5 bilhões. A intenção do BC é de reduzir a especulação dos bancos com a taxa de câmbio. Mas o crédito também pode sair prejudicado.

Dólar – No mercado, o dólar comercial subiu 0,22% (R$ 2,716), mesmo com o BC agindo. Todas as projeções de juros subiram na BM&F. A Bovespa fechou a semana em queda de 2,21%, enquanto no Exterior as coisas também não foram melhores: o risco-país avançou 78 pontos (para 1.315) e o C-Bond recuou 2,33%, para 65,43% do seu valor de face. Além de o pacote não ter conseguido, em um primeiro momento, satisfazer os mercados, a decisão sobre o compulsório também não agradou muito. Mas o teste definitivo só acontece mesmo nesta semana, tida como decisiva, com a divulgação de vários indicadores importantes (resultado parcial da balança comercial e prévias do IGP-M e do IPC da Fipe).

Encarecimento – Um outro efeito que deve acompanhar a elevação do compulsório é o do encarecimento do crédito, já que para cumprir a nova medida os bancos podem ter de direcionar mais recursos para títulos e menos para empréstimos. Por conseqüência, haverá um estreitamento da liquidez na economia, reduzindo o volume de recursos disponíveis para as operações de crédito e aumentando as dificuldades dos tomadores de recursos. Reflexos que podem também afetar as vendas do comércio.

Selic – De acordo com alguns analistas, a decisão prejudica também uma possível redução da taxa básica de juros, a Selic (que está em 18,5%), na reunião do Comitê de Política Monetária. O corte ganhou força no mercado e já era admitido por vários profissionais e analistas, na última quinta-feira, após o anúncio do pacote do governo. Mas que passou a ser dúvida, diante do aumento do compulsório.

Opostos – “Acho muito improvável que o Banco Central utilize dois instrumentos de política monetária (juros e compulsório) em direções opostas”, disse o economista-chefe do HSBC, Alexandre Bassoli. “Um aumento dessa taxa Selic teria impactos sobre a dívida pública, onde recaem hoje algumas dúvidas, a meu ver exageradas, em termos de solvência”, lembra Bassoli.

Marcos Menichetti

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