Conquistar fatias do mercado externo continua sendo um desafio e uma dificuldade para as pequenas empresas brasileiras. Estudo da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) mostra que diante dos esforços do Governo para ampliar as exportações do setor, o número de pequenos exportadores industriais (considerando microempresa aquela com até 19 empregados e pequena a que tem entre 20 e 99) cresceu de 5.015 em 1996 para 6.601 no final de 2000, um aumento de 32%. Mas, em valores, a participação dessas indústrias nas exportações totais do país emagreceu, de 8% para 6% no mesmo período, com uma queda de 10,4%, de US$ 3,2 bilhões para US$ 2,88 bilhões.
Na avaliação do presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria de São Paulo, Joseph Couri, considerando as indústrias que exportam de forma constante e que são realmente de pequeno porte (não apenas em número de empregados, mas em faturamento), a participação hoje deve ser ainda menor, perto de 3% do total exportado.
Desafios
Para o economista do Sebrae de São Paulo, Pedro João Gonçalves, além do aperto da concorrência e dificuldades no mercado internacional nos últimos anos, a pequena indústria brasileira continuou enfrentando fantasmas como falta de escala de produção, excesso de burocracia, escassez de linhas de crédito e falta de uma cultura exportadora.
“O lado positivo é que cresceu o número de empresas que começaram a exportar. Mas as vendas provavelmente foram mais concentradas em produtos de baixo valor agregado, e os valores totais exportados não cresceram”, avalia.
“A estratégia dos consórcios de exportação, que começou a ser estimulada em 98/99, ainda não deslanchou, pois o consórcio leva um tempo para amadurecer. Devemos começar a sentir mais os efeitos disso daqui para frente”, diz o gerente de apoio à comercialização do Sebrae, Luiz Álvaro Bastos.
Ele acredita que um fator que deve estimular as vendas externas é a aposta na “Marca Brasil”. Mas acha que o caminho será fazer com que essa marca simbolize a qualidade do produto brasileiro, indo além de produtos simplesmente exóticos. “O Brasil tem de exportar cachaça e caipirinha. Mas também tem de ser reconhecido em produtos com grande potencial de mercado, de alimentos a confecções”.
O diretor do departamento de competitividade e tecnologia da Fiesp, Cláudio Miquelin, não tem ilusões de um crescimento rápido das exportações, sobretudo das pequenas empresas. “Ainda temos um enorme trabalho pela frente. Ele passa pela simplificação das operações de exportação, desburocratização, criação de linhas de financiamento, que hoje estão difíceis até para as grandes empresas brasileiras. Tudo isso depende de uma efetiva política de exportações que, infelizmente, esse Governo acabou não implementando. E que o próximo terá de fazer o mais rapidamente possível”, conclui o empresário.