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Crescimento deve ficar mais uma vez abaixo das expectativas

Guarulhos, 27 de maio de 2002

Os principais institutos de economia começaram a rever para baixo a previsão de crescimento do PIB para este ano. Isso significa que o País poderá ter novamente um índice de crescimento próximo de zero, em um ano em que era aguardada uma recuperação da economia. Significa ainda que o crescimento da economia caminha próximo da estagnação. Depois de registrar crescimento de 4,36% em 2000, ela evoluiu apenas 1,5% em 2001. Neste ano, a expectativa inicial era de 2,5% a 3%. Os números já foram revistos para 2% e alguns analistas estão falando em crescimento igual ou menor do que o de 2001. “A estagnação da economia é uma questão complexa. Hoje, o endividamento e a dependência externa impedem que os juros caiam. As consequências são o aumento do desemprego e menor poder de compra. Sem diminuir dívida e dependência, dificilmente o País voltará a crescer”, diz o consultor Carlos Daniel Coradi.

Fundamentos – O leitor já percebeu que o Brasil, fotografado em maio de 2001, é um país com números discrepantes. Toda vez que algum banco ou agência de rating aumenta o risco-país, o BC ou o Planalto, ou ainda 90% dos banqueiros, dizem que não há razão para isso, “porque os fundamentos da economia brasileira são sólidos”. A questão é: são mesmo? De um ponto de vista, a economia vai razoavelmente bem. A inflação ainda é alta, mas vem cedendo ano a ano. Ainda que feche 2002 na casa dos 6% será substancialmente menor do que os 8% do ano passado. As contas públicas (não se contando o pagamento de juros) são superavitárias. O resultado de abril foi positivo em R$ 9 bilhões. Embora ainda seja pobre, a balança comercial também está produzindo superávits. Finalmente há a questão do déficit no balanço de pagamentos. Não deve haver dificuldade de financiá-lo com o ingresso de investimento estrangeiro em 2002. Esse é o lado bom do retrato.

O lado ruim – bem, não há necessidade de olhar para muitos números. O desemprego está em 8%, os juros reais só perdem para os da Polônia, a carga tributária subiu para 35% do PIB. É da soma desses dois blocos de números que surge o retrato exato dos “fundamentos econômicos.” Se eles não são ruins, também não são exatamente sólidos.

México evolui – O Brasil tem uma área 4 vezes maior do que a do México. Até 2000 a economia também era maior: US$ 595 bilhões de PIB, contra US$ 574 bilhões do México. O que faz do México hoje um país melhor do que o Brasil – a renda per capita do PIB mexicano é maior que a do brasileiro – é principalmente a vizinhança. Enquanto o México tem os EUA como vizinho e parceiro comercial, o Brasil tem a Argentina. Motivo de sobra para diferenças.

Adriana Gavaça