“Estamos sentindo total ausência de crédito no mercado. A longo prazo, só restaram operações no Proger (Programa para Geração de Emprego e Renda), e de baixo valor. A curto e médio prazos, somente consegue crédito quem tem recebíveis (duplicatas, cheques) de alta liquidez, e com taxas ainda mais salgadas”, avalia Couri.
Até o final de junho, os juros dos empréstimos que mais subiram foram justamente para pessoas jurídicas.
Factoring
Com juros mais altos e maior seletividade dos bancos para emprestar, aumenta a procura pelas chamadas factorings ” empresas que compram o direito das vendas mercantis de terceiros, mediante taxas que incluem apoio na gestão do negócio.
“O empresário muitas vezes procura a factoring quando seca o crédito bancário. Porém, se a firma já estiver inadimplente, será preciso toda cautela”, alerta o consultor, José Nicolau Pompeo. Fazendo uma comparação, ele diz que quem busca o dinheiro caro dos bancos hoje é como se procurasse um hospital para sua empresa. “Já a factoring seria uma UTI, de onde a empresa pode não conseguir sair viva”, avalia. Segundo ele, o custo nessas operações fica na média de 5% a 6% ao mês.
O presidente da Anfac, que representa as factorings, Luiz Lemos Leite, contesta e diz que o custo médio, incluindo suporte gerencial, não chega a 5% ao mês. Ele estima que este ano o número de clientes deve crescer sobre 2001, chegando a 70 mil empresas. E garante que a factoring pode ajudar o negócio, por ser mais ágil e menos burocrática.
Para Oliveira, a factoring que opera dentro das regras legais, assumindo o risco dos títulos, pode ser boa opção. “Mas em momentos de dificuldade, o melhor ainda é a empresa tentar antes outras alternativas, como negociar duplicatas com os próprios fornecedores”, diz.