Culpa da gasolina, de novo
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou a projeção do intervalo de inflação que está mirando para este ano para 4,5% a 5%. Segundo a ata da última reunião do Copom, divulgada nesta quinta-feira, os diretores do BC resolveram manter os juros inalterados em 18,5% ao ano como cautela para evitar que a inflação ultrapasse este limite. O Banco Central estima um aumento de 4,9% no preço da gasolina ao consumidor até o fim do ano. A ata revela ainda que o BC espera que o conjunto das tarifas públicas (telefonia, energia e combustíveis e passagens de ônibus) sofra elevação de 7,2% em 2002.
O aumento nos preços da gasolina foi o principal motivo apontado para que o comitê reavaliasse a trajetória da inflação. Segundo o Banco Central, ainda se espera uma pressão para os meses de abril a julho deste ano nos preços das tarifas públicas, especialmente por causa dos reajustes recentes nos preços dos derivados de petróleo e a concentração de reajustes das concessionárias de energia elétrica no período. O Copom ainda conta com alguns aumentos pelas empresas de telefonia neste período.
“Em princípio, a política monetária(taxa de juros) deve ser orientada de forma a combater a propagação dos choques de preços administrados, mas não o seu efeito primário. Tendo em vista a nova estimativa do efeito primário do choque dos preços administrados, o Copom mira numa inflação entre 4,5% e 5% em 2002. Entretanto, na medida em que se eleva a projeção de inflação para este ano, aumenta o risco de a inflação atingir o limite superior do intervalo de tolerância”, diz o texto.
A meta de inflação (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA) fixada para este ano é 3,5%, admitindo uma variação de até 2 pontos percentuais para baixo ou para cima, que fixa o limite tolerado em 5,5%.
Gasolina – O comitê destaca na ata, no entanto, que no cálculo para o reajuste da gasolina já está considerado o último aumento de 10,2% na refinaria definido pela Petrobrás no dia 3 de abril. Em relação à ata do mês passado, antes deste último reajuste, o BC esperava que no conjunto do ano, os preços do produto ao consumidor tivessem uma redução de 7,5%, mas agora baixaram esta projeção para 6,6% no ano. O cálculo anual da trajetória dos preços da gasolina feito pelo BC leva em consideração que, além dos recentes aumentos nos combustíveis, no início de 2002 (janeiro e fevereiro) aconteceram duas quedas de preços em função da liberação do mercado de combustíveis.
Em relação ao gás de cozinha, os diretores do BC prevêem aumentos maiores este ano. A projeção desse reajuste, que no mês passado era em torno de 20%, passou para próximo a 30% este mês.
Isabel Sobral