Dois minutos. Esse é o tempo máximo que um selecionador gasta para analisar um currículo. Por isso, todo cuidado pode ser pouco na hora de elaborar aquilo que é considerado o cartão de visita de um profissional. A consultora de carreira Alessandra Luchini, da Carrer Center, conta que já recebeu os currículos com os formatos mais improváveis e até mesmo cômicos. “Recebi um currículo em CD-ROM em que o candidato fez um vídeo simulando uma entrevista. O programa que ele inventou tinha opções para acompanhar tudo o que era dito em texto ou apenas áudio. Tinha até uma moça fazendo as perguntas”, conta.
Na ânsia de chamar atenção, o candidato acabou sendo motivo de piada. E o que é pior, acabou mostrando características pessoais negativas. “O vídeo demonstrou que o profissional é inflexível e tem medo de perder o controle da situação”, avalia a consultora.
Esse é um caso extremo de currículo mirabolante. Mas não faltam pessoas que apresentem informações incoerentes com o cargo pretendido. “Recebo currículos com informações como peso e altura, o que é totalmente desnecessário”, ressalta. Alessandra lembra ainda outro caso de informações descabidas. “Um candidato para a área de gerenciamento ambiental citou no currículo os cursos de culinária e de pilotagem que havia realizado”, explica.
Chance – O consultor de recursos humanos Laerte Leite Cordeiro, da Laerte Cordeiro Consultores em Recursos Humanos, reforça que um bom currículo é muito importante, mas, por si só, não dá emprego a ninguém. “Só que um mau currículo pode pôr a perder uma ótima oportunidade”.
Mesmo nas profissões consideradas mais modernas, em que é exigido um alto grau de competência artística e criatividade, é bom evitar exageros. Ele relembra também vários casos em que candidatos a uma vaga em um escritório de publicidade enviaram o currículo em vários envelopinhos coloridos. Outros usaram papel de pão, daqueles que embrulham bengala. “Mas o pior foi um impresso com mimeográfo escolar, com letras roxas”, diz.
Pressa – Um anúncio de emprego em um jornal pode atrair de 300 a 500 currículos. O selecionador, em razão da falta de tempo, gasta poucos minutos lendo cada um deles, segundo o consultor. O currículo deve ter um formato bem organizado, com informações claras e precisas. A apresentação gráfica deve ser “limpa”, ou seja, sem grandes recursos artísticos ou visuais. Os erros mais gritantes são os de ortografia. Pelo menos 50% dos currículos enviados para a consultoria têm a palavra pretensão escrita com cê-cedilha.
O diretor da RH Plus, Paulo Xavier, diz que as maiores confusões estão na descrição do cargo pretendido. “É bom evitar especificar muito o cargo. Em vez de vendedor, o candidato pode colocar profissional de vendas ou, no lugar de gerente, gestão na área “tal'. Isso aumenta as chances para uma entrevista”, destaca. O mesmo ocorre com a expectativa de salário, que só deve ser citada quando for inevitável. Nesse caso, uma faixa salarial abrangente é a melhor escolha.
Segundo o consultor, para vagas de estágios ou profissionais em início de carreira o currículo deve ter apenas uma página. “Cite, de forma breve, suas potencialidades, cursos e objetivos profissionais”, finaliza Paulo Xavier.
Dicas – Na internet há algumas opções de sites que ajudam a elaborar um bom currículo. É o caso do portal da escola de negócios Ibmec (www.ibmec.br), que ensina a fazer currículos em inglês. No site da consultoria RH Plus (www.rhplus.com.br) há ainda informações e artigos para a definição do plano de carreira e competências. Já o site Job On Line (www.jobonline.com.br) oferece modelos de currículos para candidatos a vagas como estagiários e trainees, por exemplo.
Dora Carvalho