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Dólar comercial fecha outubro abaixo de R$ 2,70.

Guarulhos, 01 de novembro de 2001

Com esse desempenho, o dólar termina outubro acumulando alta de 1,04%, abaixo da valorização de 4,01% de setembro. No ano, a valorização atinge 38,28%.

Desde o ataque terrorista nos EUA, em 11 de setembro, a moeda já subiu 3,4%.

Para o consultor financeiro da corretora Clicktrade, João Marcos Cicarelli, as boas notícias de outubro que aliviaram o câmbio foram:

1- o crescimento das exportações, com superávit comercial acumulado em outubro até o dia 28 em US$ 173 milhões e de US$ 1,42 bilhão no ano;

2- a antecipação do pagamento da dívida da Polônia (polonetas) de US$ 2,4 bilhões, que reforçam as reservas internacionais, ampliando a munição do Banco Central.

Também foi em outubro que o mercado alimentou a expectativa quanto ao anúncio do novo pacote econômico da Argentina, minimizou o impacto do racionamento com base em números mais confiáveis e passou a apostar em uma reviravolta na corrida presidencial, com a pré-candidatura do tucano Tasso Jereissati.

“O leilão de privatização da Copel frustrou e virou novela. Não se sabe mais se haverá pretendentes estrangeiros”, afirma Cicarelli.

ESPECULAÇÃO MENOR

Qual seria hoje a cotação real do dólar comercial, sem o componente especulativo?

Para o presidente da Abracam (Associação Brasileira das Corretoras de Câmbio), Luiz Henrique Didier, a taxa ficaria entre R$ 2,30 e R$ 2,40.

Para 2002, ano eleitoral, fértil em incertezas políticas, Didier projeta que a cotação real deveria ser de até R$ 2,60.

“Um ano eleitoral é sempre desencadeador de procedimentos econômicos”, diz.

Para justificar sua opinião de que há mais especulação do que realidade no preço da moeda dos EUA, o presidente da Abracam afirma que o fluxo de negócios entre Brasil e Argentina não é decisivo para as contas do país.

Mas alguns analistas do mercado de câmbio projetam que o dólar comercial deve fechar o ano entre R$ 2,70 e R$ 2,80.

Há quem explique que essa previsão leva em conta um piso de R$ 2,40, sendo que a cada notícia ruim vinda da Argentina, somam-se mais 10% (R$ 0,24).

Com a guerra contra o terrorismo, embute-se mais 5% (R$ 0,12).

Na ponta do lápis: R$ 2,40 (piso) + R$ 0,24 (Argentina) + EUA (R$ 0,12) = R$ 2,76.

Dependendo do tom negativo da notícia, essas percentuais são alterados.

Na opinião de Didier, a negociação intensa da diplomacia mundial serve hoje para minimizar os desdobramentos da guerra dos EUA contra o regime do Taleban.

“Hoje não há mais espaço para aquele tipo de guerra tradicional, que envolvia vários países”, diz o presidente da Abracam, entidade com seis membros fundadores (as corretoras AGK, Graco, Finambrás, Fluxo, S.Rayata e Didier & Levy), que juntos movimentam cerca de US$ 2,5 bilhões por dia.