O número de vagas cortadas diariamente pela indústria paulista nos dois primeiros meses deste ano praticamente dobrou em relação à média de 2001. Em janeiro e fevereiro foram extintos 10.451 empregos, o equivalente a 174 postos de trabalho fechados a cada 24 horas. No ano passado, essa média foi de 89 vagas.
Os dados divulgados ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que o nível de emprego no setor caiu pelo nono mês consecutivo, com perda de 0,24% das vagas. Em fevereiro de 2001 houve crescimento de 0,06%.
Ainda assim o resultado é considerado uma melhora. Isso porque o número de demissões foi o menor desde outubro do ano passado. Em janeiro a perda chegou a 0,42% ou 6.659 vagas.”É uma melhora dentro de um cenário negativo”, disse a diretora do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Clarice Messer.
Tal cenário começou a se consolidar em junho de 2001, com o início do racionamento de energia, e se acirrou durante o segundo semestre sob os efeitos dos atentados terroristas aos Estados Unidos e da crise argentina. De julho do ano passado para cá foram perdidos 44.888 postos de trabalho. Já no primeiro semestre de 2001 – antes do impacto das crises – a indústria vinha expandindo o número de emprego. A combinação desses dois diferentes cenários dentro do mesmo ano impediu que média diária de demissões do ano passado fosse maior.
Com o fim do racionamento, a estabilização do dólar e a melhora dos indicadores da economia americana, a diretora da Fiesp acredita numa recuperação das vagas perdidas, mas não neste mês. Segundo Clarice Messer, os resultados positivos devem começar a partir de abril ou maio.”Não dá para esperar milagres, especialmente no primeiro semestre. Para o segundo há perspectivas de reposição, mas de forma gradual.”
Os números da produção industrial do país em janeiro, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também sinalizaram recuperação: crescimento de 1,3% frente a dezembro. Com isso, a indústria voltou a operar nos níveis anteriores ao racionamento, antes mesmo do término do programa.