– Estou seguindo o caminhoque não deveria ter sido abandonado pelo meu país – disse, se referindo, sem citar, as freqüentes críticas que o ex-ministro da Economia Domingo Cavallo fazia ao comércio entre os dois países.
Ruckauf disse que na próxima sexta-feira haverá uma reunião de ministros do Mercosul em Bueno Aires e que o tema central será o funcionamento do bloco econômico. Essa reunião também será preparatória para o encontro dos presidentes dos países que integram o bloco, em data ainda a ser definida.
Ruckauf contou que na reunião de hoje com o presidente Fernando Henrique Cardoso, ele agradeceu o apoio brasileiro ao plano do novo governo argentino e também agradeceu o envio dos medicamentos – lotes de insulina, que foram liberados pelo governo brasileiro.
O apoio do Brasil nas negociações entre a Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI) esteve entre os temas abordados na reunião com Fernando Henrique, que durou cerca de uma hora.
Também participaram da reunião o chanceler brasileiro Celso Lafer e o novo embaixador do Brasil em Buenos Aires, José Botafogo Gonçalves. Ruckauf esteve reunido mais cedo no Palácio do Itamarty com os ministros Celso Lafer; Pedro Malan, da Fazenda; Sérgio Amaral, do Desenvolvimento; e Pratini de Moraes, da Agricultura. Ao sair desta reunião, destacou a intenção do presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, em restabelecer as relações com o Brasil. Ele assegurou que a Argentina permanecerá na presidência do Mercosul neste semestre e garantiu que não haverá surpresas de seu país em relação aos sócios do bloco.
– O nosso telefone está sempre aberto para o Brasil. Escutaremos sempre os conselhos do Brasil, que são importantes – disse Ruckauf.
Segundo o chanceler, o governo brasileiro está tendo uma atitude solidária num momento difícil.Ele lembrou que o Brasil tem experiências que devem ser levadas em conta, como quando superou a crise econômica de 1999 provocada pela desvalorização do real.
O ministro da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Moraes,
disse que, durante o café da manhã com o chanceler argentino, Carlos Ruckauf, o governo brasileiro recomendou que as autoridades econômicas da Argentina restaurem as linhas de crédito para a normalização das exportações brasileiras àquele país. Para Pratini, as estimativas sobre possíveis perdas que o Brasil terá com a desvalorização do peso ainda são preliminares. Ele acredita que se houver redução de exportações essa se dará com produtos industrializados, já que os produtos agrícolas brasileiros são mais competitivos.
– O mais importante é que o Brasil e a Argentina concordam que é preciso fortalecer o Mercosul – disse o ministro.